Wellington Evaristo da Silva participou do latrocínio de um policial civil e havia fugido para Pires do Rio, de onde foi levado
Goiânia – O pai de Wellington Evaristo da Silva, um dos suspeitos de participar do assassinato do policial civil Cláudio Gonçalves, denuncia que o filho foi sequestrado por policiais, em Pires do Rio, a 145 km da capital. O rapaz de 24 anos está desaparecido desde o último dia 15, quando homens encapuzados entraram na sua casa. “Eu só quero ver meu filho, no estado que ele estiver, pela última vez”, pede o pai, que não quer ser identificado.
De acordo com o pai, Wellington fugiu para o interior com a mulher e o filho de 2 anos para se esconder. O suspeito tinha mandado de prisão temporária expedido contra ele pela participação na morte do policial civil, baleado em frente a um hospital de Goiânia, em 5 de novembro. “A participação do meu filho é que ele era o piloto da moto, mas ele não atirou”, afirma o pai.
Terror
Desesperado, o pai conta como o grupo teria invadido a casa em que Wellington estava escondido. “Entraram cinco pessoas no barraco dele. Um ficou no portão como vigia. No terreiro dele mesmo, eles o alvejaram. Dois tiros. Pegaram ele arrastando, gritando, pedindo socorro. Eles carregaram ele lá para fora e jogaram dentro do carro. Depois, só escutou cantar os pneus”, disse.
A mulher do motociclista estava no local no momento em que Wellington foi alvejado. “Eles a mandaram calar a boca. Eles a ameaçaram e a amordaçaram. Amarraram ela com lençol, impossibilitando ela de sair de lá de dentro para pedir socorro na rua”, lembra o pai do desaparecido.
Ministério Público
O pai do rapaz procurou o Ministério Público de Goiás. Conforme o promotor de Justiça Fernando Krebs, que recebeu a denúncia, o homem acredita que o filho foi executado pelos policiais. Krebs acionou a promotora de Pires do Rio e a Corregedoria da Polícia Civil, já que os agentes estão em greve.
Krebs afirma que a investigação pode ser repassada à Polícia Federal. “Essa é uma possibilidade que cabe à promotora de Pires do Rio analisar. Há possibilidade de um incidente de deslocamento da competência desse crime para a Polícia Federal, o que ensejaria que a Polícia Federal fizesse a investigação. Nós vamos comunicar o fato oficialmente ao Ministério Público Federal para que analise também esta possibilidade. Se de fato envolver policiais civis, fica difícil para a própria Polícia Civil fazer a investigação”, pondera.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que trata o caso com cautela e precaução. A corporação informou ainda que não vê motivos para que policiais civis tenham se envolvido na morte desse rapaz.
Crime
O agente Cláudio Gonçalves, de 44 anos, foi baleado no dia 5 de novembro, quando saiu do Hospital do Rim, no Setor Oeste. Pouco antes de ser assassinado, Carral, como era conhecido, sacou R$ 2 mil. O dinheiro foi usado para pagar um tratamento da esposa, que estava internada no local.
Após ser baleado, Gonçalves foi atendido pelo Corpo de Bombeiros e levado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), mas não resistiu aos ferimentos. A vítima atuava há mais de 20 anos como agente da Polícia Civil e deixou a esposa e quatro filhos.
O suposto atirador, que estava na garupa da motocicleta de Wellington da Silva, se entregou à polícia no último dia 7. Segundo o titular da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH), Murilo Polati, ele confirmou ter atirado na vítima.
Temendo o cerco policial, ele procurou a superintendência de Direitos Humanos do Ministério Público acompanhado da família. O MP entrou em contato com Polati e, juntos, decidiram, por medida de segurança, levar o homem para a Casa de Prisão Provisória, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde permanece detido.
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