Para o vereador e secretário, a permanência de Marconi como governador por mais quatro anos representa a vitória do coronelismo e a estagnação do Estado
Por Fernanda Kalaoun
Numa tarde de abril, a equipe do Folha Z visitou a Secretaria Municipal de Habitação (SMHAB) para um encontro com o atual chefe da pasta, Denício Trindade (PMDB). Um edifício singelo da prefeitura, localizado na região sudoeste da capital. Em meio às pressas do laboro, o também vereador encontrou intervalo para conceder uma entrevista dividida entre a seriedade das questões públicas tratadas e a informalidade da recepção dada aos jornalistas.
Pela segunda vez vereador licenciado em Goiânia, há três meses foi confiado pelo prefeito Paulo Garcia (PT), cujos retratos ilustravam cada parede do prédio da SMHAB, para ocupar o cargo de secretário, no lugar de Wagner Siqueira Júnior (PMDB). O rosto do prefeito suspenso por todos os lados, não muito diferiu dos diversos edifícios do governo do Estado com fotos de Marconi Perillo carimbando as paredes. Hábito mórbido para tempos de democracia.
Em meio a uma leve conversa, Denício Trindade destacou a importância do Jardim América, bairro em que reside, entre idas e vindas, há sete anos. Para o secretário, os moradores da região foram essenciais para que ocupasse uma cadeira na Câmara. O apoio do setor lhe deu importante papel a desempenhar em favor da região e da capital, na opinião do vereador.
Segundo Denício Trindade, a segurança é umas das teclas mais batidas na Câmara de Vereadores. “Chegamos a um momento em que vemos a população manifestando com as próprias mãos. A gente vê linchamentos e mais linchamentos acontecendo. A comunidade promovendo essas situações. Isso é uma atribuição do poder público. Não no sentido de linchar, mas de punir os infratores”, declarou.
Denício Trindade destacou a competência do capitão Cardoso, que assumiu o comando da 9º Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), no Jardim América. “É uma pessoa que faz diferença na área da segurança. Realiza um trabalho de polícia comunitária, envolvendo todos os segmentos organizados, como comerciantes e moradores. Acho que isso é fundamental, não há como promover segurança pública sem envolver a sociedade”, afirmou o secretário.
Base comunitária
Denício Trindade comentou das reuniões que tem ocorrido, entre elas com capitão Cardoso e Humberto Matsuda, presidente do 2º Conselho Comunitário de Segurança Municipal (Conseg), para discutir a base comunitária no Jardim América. “Tivemos, recentemente, uma audiência com Sebastião Macalé Caciano Cassimiro, vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO), e um intenso trabalho com a participação de várias outras pessoas”, lembrou.
“O jornal Folha Z foi fundamental nesse processo de divulgação do trabalho do Conseg”, acrescentou o vereador. Destacou, ainda, que o 9ª CIMP foi contemplado com uma instalação em um colégio do Jardim América. Atualmente, a Companhia funciona dentro do 7º Batalhão. Para Denício, a alocação é fundamental para a eficiência da 9ª CIMP na segurança do setor.
Secretaria
A maior aspiração de Denício Trindade, no momento, é corresponder às expectativas do prefeito Paulo Garcia no cargo em que foi designado e desconversa planos futuros na carreira política. Ressalta o trabalho na secretaria pela promoção da justiça social e admite que ainda há muitos obstáculos a serem vencidos para que haja condições de ajudar todos que recorrem à pasta. O secretário acredita que, até o ano que vem, 5 mil unidades serão entregues às famílias selecionadas pelo programa de moradia.
Vitória do coronelismo, se Marconi vencer as eleições
Para Denício, a permanência de Marconi Perillo como governador em Goiás representa a vitória do coronelismo e a estagnação do Estado. “Poderia estar muito mais avançado, economicamente equilibrado”, criticou. “O povo está mais politizado, principalmente em função das redes sociais. Isso é importante para que todos vejam como deve ser o papel de um gestor público. Não é fazer obras apenas no momento eleitoral”, disse o secretário.
Sobre a ligação do governador com o contraventor Carlos Cachoeira, que levantou uma série de protestos da população pela saída de Perillo, o secretário acredita que o povo dificilmente irá esquecer o escândalo. “A rejeição está impregnada nele”, declarou.
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