“Eu era fominha por futebol”, diz imperador do Flamengo, de 1992
Quem pensa que Bebeto foi o primeiro a “embalar bebê” para comemorar um gol, no Mundial de 1994, pulou uma parte da história do futebol. Dois anos antes, o camisa 7 do Flamengo, o goiano de Itapirapuã e crescido na antiga Vila São José, em Goiânia, já tinha feito o gesto. Júlio César Garcias é o nome do craque, que brincando com os colegas de bairro, aos dez anos, descobriu que a vocação para jogar futebol era coisa séria.
Quando menino era tão bom de bola, que os amigos incentivaram Júlio César a se apresentar a algum clube. Foi quando decidiu ir ao Estádio Antônio Accioly, reduto do Atlético Clube Goianiense, mostrar seu talento. Logo que viram o potencial de Júlio César, o convidaram a entrar para o sub-12. “Fiz um teste na categoria que, naquela época, se chamava ‘tampinha’, com Ataídes Marcelino, que revelou muitos jogadores, como Valdeír, o The Flash, Baltazar, Marçal, dentre outros”, contou o ex-jogador.“Eu era fominha por futebol. Assim fiz minha história no Atlético-GO até chegar ao time profissional, em 1986”.
Campeão Brasileiro
No início dos anos 1990, o Flamengo contratou o atacante. Foram tempos gloriosos para o clube e, mais ainda, para Júlio César Imperador, como passou a ser chamado por todos. Foi na final do Campeonato Brasileiro, em 19 de julho de 1992, que na partida histórica entre Botafogo e Flamengo, o placar terminou empatado em 2×2, com um gol do goiano. Mesmo assim, por ter vencido o primeiro jogo por 3×0, o Flamengo foi laureado campeão.
A partida também foi fatídica por outro acontecimento. A queda de um alambrado da arquibancada do Maracanã, devido a superlotação de torcedores. Cerca de 300 pessoas caíram. Três vítimas fatais. O jogo não foi cancelado, mas o susto foi grande. “Estávamos aquecendo quando fomos avisados que a arquibancada havia cedido. Pensamos que o Maracanã inteiro tinha despencado, porque havia muita gente. O público era de mais de 100 mil torcedores”, disse Júlio César. “Foi quando Rodrigo Paiva, hoje assessor da Seleção, explicou o que realmente havia ocorrido. Fiquei preocupado, minha família toda estava presente”, explicou.
Aposentado
O imperador nunca abandonou o futebol. “A partir do momento em que aposentei, em 2003, fui convidado para gerenciar um time em Imperatriz do Maranhão. Quando retornei a Goiás trabalhei em clubes como o Anapolina e Itumbiara. Estudei Gestão Esportiva, fiz cursos e me preparei para ser treinador, profissão que sigo há quatro anos”, contou.
Mas ser um campeão dentro dos campos, seja chutando a bola ou dirigindo um time, não é moleza. Júlio César explica que as responsabilidades como treinador são muito maiores que as de jogador. “Tenho que trabalhar, em média, trinta jogadores, uma comissão técnica e funcionários do clube. Tirando o presidente, o técnico é quem comanda”, disse.
Crise
Sobre a crise em dois dos maiores times goianos, o Atlético-Go e o Vila Nova, Júlio César acredita que o problema não é apenas financeiro. “Mudanças constantes de elenco e comando são os maiores problemas e o futebol goiano está sofrendo bastante. Não há tempo para trabalhar. Os resultados aqui, no Brasil, têm que ser imediatos. E sempre colocam a culpa no dinheiro. O problema maior é administrativo”, criticou o imperador.
Sobre a má fase do Flamengo, time assumidamente do coração de Júlio César, ao lado do Atlético-GO, o imperador afirma que o rubro negro precisa de jogadores de nível. “O Flamengo deve mundos e fundos, mas o principal problema do clube, hoje, é o elenco. São jogadores muito comuns, com todo respeito”, disse. “Na situação em que se encontra, é possível que caia. Vai sofrer muito”, comentou sobre o risco do Flamengo descer para a Série B do Brasileirão.
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