O delegado titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente (Dema), Luziano de Carvalho, fez uma grave denúncia ao Folha Z. Em entrevista exclusiva ao jornal, Luziano afirmou que “o Rio Araguaia vai secar dentro de 40 anos”. Segundo ele, o problema é causado pela ação predatória da agropecuária nas regiões de nascente do rio.
Luziano conta que “a água, abundante em peixes, é substituída pelo capim e pelo boi”. Para o delegado, a criação de gado em larga escala nas áreas que deveriam ser de preservação permanente (APP), próximas aos rios e nascentes, é fator decisivo para a seca do rio. “Infelizmente muitos produtores rurais não pensam no meio ambiente e só querem saber de ampliar a margem de lucro. Por um pedaço a mais de terra eles acabam destruindo um recurso muito importante à vida e até para as culturas produtivas”, afirma o delegado, enfatizando que o pisoteio do gado nas áreas de nascente compacta o solo e impede a penetração da água.
De acordo com Luziano, essas nascentes precisam ser preservadas e cercadas para que o gado não avance para o leito dos mananciais. Segundo o delegado, essa ação repetida em larga escala vai fazer com que o rio se torne intermitente, ou seja, um curso de água que desaparece completamente no período da estiagem.
Outro grave problema é o desmatamento às margens do Rio Araguaia. Há muitas décadas foram iniciados processos de destruição das matas ciliares. E até hoje esse processo permanece. Um problema que não é só do Rio Araguaia, mas também de outros, como o Rio Vermelho.
Turistas
O titular da Dema relata ainda que o problema não está com os turistas, já conscientizados dos principais problemas da poluição. Segundo o delegado, a principal dificuldade da luta ambiental está ligada à ganância dos latifundiários, que baseiam sua renda na criação de gado em grandes extensões de pastagem. Além disso, Luziano destaca a ignorância das pessoas que destroem a sua principal fonte de renda: a natureza.
Modo de pensar
“O ato de proteger tem que ser anterior ao de explorar”. Com essa declaração, o delegado resume o seu modo de pensar sobre o assunto. Ele lamenta que a situação esteja tão avançada, já que o Araguaia é um dos maiores orgulhos do goiano. Mas deixa o aviso: “Isso é uma questão de saúde pública. Se não fizermos ações concretas para proteger as nascentes, vamos perder o Araguaia”.
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