“Vou matar nosso filho.”
A frase, carregada de ódio e insanidade, ecoa até hoje na memória de Camila Aparecida Sousa Morais, mãe do pequeno Ayrton Rhavy, de apenas 2 anos, brutalmente assassinado pelo próprio pai.
Foi a última ameaça antes do pior: o corpo do menino seria encontrado horas depois, boiando nas águas de um córrego, nos fundos da casa da família, em Aparecida de Goiânia.
A dor de Camila é impossível de dimensionar.
Na madrugada de 7 de janeiro de 2024, ela viveu o maior pesadelo que uma mãe pode enfrentar: ver o pai do seu filho transformado em monstro, em algo incapaz de qualquer traço de humanidade.
Nesta 5ª feira (15), a Justiça pronunciou o veredito.
Lucas de Oliveira Guerra foi condenado a 28 anos e 7 meses de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e violência doméstica.
A sentença é do juiz Leonardo Fleury Curado Dias, que classificou o assassinato como um ato “vil e repugnante, demonstrando total desprezo pela vida humana”.
Assassinato premeditado
A tragédia começou após uma discussão motivada por ciúmes.
Lucas agrediu Camila com violência.
Em seguida, pegou o filho nos braços e correu para o fundo da residência, onde havia um córrego.
“Se você chamar a polícia, eu mato nosso filho.”
Foi a ameaça fria. E, diante da impotência da mãe, ele cumpriu o que disse.
Horas depois, Ayrton estava morto.
O pai ainda tentou argumentar que tudo não passou de um acidente: disse que caiu ao tentar atravessar o córrego com a criança.
Mas o laudo e as provas do processo desmentiram a versão.
O juiz reconheceu que o crime foi cometido com motivo fútil, meio cruel, sem chance de defesa para a vítima e contra uma criança menor de 14 anos.
Premeditação e vingança
Durante a sentença, o magistrado destacou que Lucas era plenamente capaz de entender seus atos.
E mais: o assassinato foi uma forma calculada de ferir emocionalmente a mãe da criança, como se tirar a vida do próprio filho fosse uma forma de vingança.
A Justiça entendeu que não havia acidente, dúvida ou arrependimento.
Havia frieza.
Havia crueldade.
A defesa de Lucas de Oliveira Guerra informou que irá recorrer da decisão.
Mas, para Camila, nenhuma sentença poderá devolver o sorriso de Ayrton.
O que fica agora é a lembrança e a luta para que nenhuma outra criança tenha o mesmo destino.
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