A postura do prefeito Sandro Mabel diante da Câmara de Goiânia revela estratégia política cuidadosa, mas que também gera tensões com o alto escalão do Legislativo.
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A escolha de não sobrecarregar o parlamento com projetos volumosos ou de difícil tramitação indica tentativa clara de preservar a base aliada de desgastes, principalmente em um momento em que o prefeito busca consolidar sua imagem administrativa.
No entanto, essa mesma tática de contenção tem gerado incômodo entre os vereadores mais influentes da Casa.
A avaliação interna é que o Executivo tem adotado tom excessivamente autônomo, reduzindo a interlocução com o Legislativo e, principalmente, limitando o protagonismo dos parlamentares em temas relevantes à cidade.
Imas e GoiâniaPrev
A expectativa no núcleo político do Paço é de que apenas 2 projetos de peso devam ser enviados à Câmara neste semestre: os que tratam da reformulação do Imas (Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia) e do GoiâniaPrev (Instituto de Previdência dos Servidores do Município).
Ambos são considerados essenciais para o equilíbrio das contas públicas e, por isso, inevitáveis, mas também potencialmente impopulares.
No caso do Imas, já se sabe que haverá aumento na contribuição dos servidores municipais, medida que deve mobilizar sindicatos, opositores e até mesmo aliados que enfrentam bases eleitorais sensíveis ao tema.
Mabel rejeita troca
A cautela de Mabel em não acelerar a tramitação desses projetos, e sequer apresentá-los no curto prazo, revela a intenção de evitar o desgaste de sua base e, ao mesmo tempo, não abrir margem para que os vereadores usem os projetos como moeda de troca para exigir mais espaço no governo.
Por trás dessa movimentação, há um cálculo político: evitar fraturas com os vereadores, mas sem ceder completamente às pressões do Legislativo.
O problema é que, como apurei, o clima nos bastidores da Câmara é de crescente insatisfação.
Parlamentares do alto escalão têm sinalizado desconforto com a falta de diálogo e protagonismo.

Câmara resistente
A avaliação de um interlocutor influente da Casa é direta:
“Projeto de peso vindo do Executivo dificilmente passa na Câmara com facilidade, do jeito que está.”
Essa tensão velada tende a se agravar caso Mabel não reequilibre a relação com o Legislativo.
Embora a base formalmente siga fiel, o prefeito pode encontrar mais resistência do que espera quando os projetos começarem a andar, especialmente os que afetam diretamente os servidores, grupo tradicionalmente bem articulado e com influência política relevante.

Mabel e o caminho delicado
A gestão Mabel, portanto, caminha sobre linha tênue: precisa avançar em reformas estruturantes, mas sem minar sua relação com o Legislativo.
A estratégia de evitar desgaste imediato é compreensível, mas o custo político do isolamento pode ser mais alto a médio prazo.
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