O desfecho, porém, pode ter sido resultado de pura sorte. O repórter Marco Faleiro esteve no local e conversou com pessoas que estavam presentes no momento do crime. E concluiu que o dia não era do caçador, e sim da presa
Eram 9h30 de uma terça-feira (27/1) ensolarada na Praça da C-220, na Avenida T-9. O clima movimentado, mas tranquilo, não trazia maus presságios nem aos mais desconfiados. Mas uma ousada (e frustrada) tentativa de assalto naquele local e horário ganharia as páginas de vários jornais de alcance nacional. O desfecho, porém, pode ter sido resultado de pura sorte: dois mortos, um baleado, outro em fuga e um revólver que falhou.
Naquele dia, quatro homens portando armas de pequeno calibre tentaram assaltar um carro-forte em frente à agência da Caixa Econômica Federal, enquanto malotes de dinheiro eram descarregados no banco. Bem preparados e com armamento superior, os funcionários da empresa de segurança Proforte reagiram e conseguiram neutralizar a ação dos criminosos. Mas os relatos de testemunhas dão uma ideia um pouco diferente do que ocorreu.
Tiro que falhou
Segundo pessoas que estavam presentes no local, alguns dos integrantes da quadrilha visitavam havia meses a região, em especial a Praça C-220, conhecida como Praça dos Bancos da T-9. Ainda com receio de se identificarem, vários confirmaram que um dos mortos na ação frequentou durante pelo menos três meses o local com um disfarce de trabalhador da Celg. O que leva à pergunta: depois de uma preparação tão longa e complexa, por que teriam sido detidos tão facilmente?
O elemento mais importante para tentar entender essa questão seja, talvez, o acaso. “Quando os sujeitos se prepararam para dar o bote no carro-forte e um deles apertou o gatilho mirando a nuca de um dos seguranças, a arma falhou”, contou um vendedor ambulante. Só com essa informação, já fica possível imaginar que tudo seria diferente se esse primeiro tiro tivesse sido disparado.
“Eles pretendiam surpreender os seguranças. Mas a arma de um dos criminosos falhou. O plano começou a dar errado. Tudo foi por água abaixo”, afirmou outro comerciante da praça. “Eles também tinham bombas caseiras muito potentes que, segundo a polícia, usariam pra abrir a porta do carro-forte e roubar o dinheiro. Isso não é coisa de iniciante”, completou.
Angústia
Ainda assustados com tudo que se passou, moradores e lojistas concordam que a reação dos seguranças foi exemplar, mas revelam momentos de angústia. “Quando ouvi os primeiros tiros, corri para os fundos da loja e os clientes que eu atendia na hora pularam o balcão para se protegeram”, narrou uma mulher de 42 anos.
Um famoso cabeleireiro do Jardim América relatou que um tiro acertou a loteria. “Estraçalhou a porta de vidro. Ficou um buraco enorme na parede. Possivelmente, tiro de 12”. Segundo ele, o homem que estava com disfarce de trabalhador da Celg tomou um tiro no queixo. O outro ladrão que usava uma faixa branca no braço esquerdo tomou um tiro na cabeça e outro no abdômen. Ficou por cerca de cinco minutos agonizando. Morreu no local. A polícia demorou muito tempo pra chegar, quase uns dez minutos.
Tiros certeiros
Desespero também vivido por funcionária da sanduicheria que figura em várias fotos divulgadas da cena do crime: “Me joguei no chão de tanto susto e tentando me proteger. Foram 15 tiros e eu pensava que a qualquer momento um deles poderia me acertar”, disse.
Tiroteio, trecho da Avenida T-9 interditado entre 10h e 12h, explosivos detonados pelo Grupo Antibombas da PM e uma história que ainda vai ser contada por muitos anos por aqueles que presenciaram tudo isso.
Além dos dois mortos e do ferido que foi levado direto à delegacia, foram presas outras oito pessoas suspeitas de envolvimento.
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