Promotor de Justiça Maurício Gonçalves de Camargo aceitou a denúncia contra o soldado da Polícia Militar (PM) Rafael Perilo Campos Leal pelo crime de homicídio qualificado, com o agravante de ter sido praticado contra criança Guilherme Furtado Vieira, de 7 anos. O crime ocorreu no dia 31 de agosto de 2015, no Setor Bueno, em Goiânia.
O magistrado relata que, naquela data, o soldado atirou na direção do veículo conduzido pelo pai da vítima, atingindo a cabeça da criança, que estava sentada no banco traseiro. Guilherme foi socorrido e ficou mais de quatro meses na UTI, mas não resistiu e veio a óbito no dia 28 de janeiro deste ano.
O caso
Segundo Maurício Gonçalves, o policial, na noite do crime, patrulhava o Setor Bueno e região, na companhia do cabo Jorge Alberto Vaz da Silva Júnior, numa viatura caracterizada. Já a vítima e seus pais – Silvânio Dias Vieira e Camila Adriane Furtado da Silva – retornavam para casa, quando, nas imediações da Igreja Videira, no Setor Bueno, a criança pediu para urinar, dizendo que estava muito apertado. Silvânio, então, estacionou o carro e todos desceram.
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Passava por ali, numa motocicleta, Edimar Gomes que presumiu que o casal estivesse tentando furtar pneus dos carros também estacionados no local. Ele, então, diminuiu a velocidade e encarou a família, fazendo um movimento de retorno. Neste momento, pais e filho entraram no carro e saíram.
Conforme apurado no inquérito policial, Edimar é amigo de Rafael e, sabendo que ele estaria trabalhando naquela noite, ligou no celular dele e contou suas suposições. Ao mesmo tempo, passou a acompanhar o carro de Silvânio, avisando o soldado, em tempo real, onde estavam trafegando. Incomodado com a perseguição, Silvânio tentou fechar a moto e, depois, passou a trafegar na Rua T-40, seguindo o motociclista. Logo depois, quando os dois entraram na T-32, Silvânio foi surpreendido com a presença da viatura da PM, que trafegava em sentido contrário, com giroflex, faróis e sirene desligados.
Assim, quando os dois veículos ficaram lado a lado, Rafael atirou na direção do carro da família, sendo que um tiro atingiu a cabeça da vítima e também perfurou o vidro lateral direito do carro.
Omissão
Ainda segundo o inquérito, os policiais mandaram Silvânio parar, enquanto deixaram o local sem fazer a abordagem aos ocupantes do carro atingido, sem vistoriá-lo para confirmar o suposto furto de pneu, sem verificar também o que tinha ocorrido e sem prestar socorro, embora tivessem percebido que alguém havia sido ferido.
De acordo com o promotor, no dia 29 de setembro de 2015, depois de divulgado o resultado positivo para o exame pericial microbalístico, o soldado prestou nova declaração e reconheceu ter atirado na direção do carro, versão confirmada pelo cabo que o acompanhava na data dos fatos. Em declarações anteriores, entretanto, ambos negaram o envolvimento no ocorrido.
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