Abraçados
Não é necessário aguardar o resultado final das urnas para avaliar as lições deixadas pela sucessão municipal em Goiânia. Aliás, o risco da opinião antecipada é justamente a adrenalina que move a engrenagem da busca pela isenção na abordagem dos fatos. Vamos a eles:
1- Iris Rezende (PMDB) somente não será eleito no dia 30 de outubro se alguma fatalidade o impedir. Foi o mesmo candidato do início ao fim – seria impossível mudar com 58 anos de vida pública – entretanto sua campanha melhorou substancialmente no segundo turno;
2- O forte crescimento de Vanderlan Cardoso (PSB) no primeiro turno fez mal à sua campanha e tirou a candidatura peemedebista da zona de conforto. Os governistas se perderam em comemorações antecipadas, prevendo onda avassaladora, enquanto os adversários desceram do salto;
3- O aperto de Vanderlan em Iris acabou com um dos piores defeitos das campanhas peemedebistas: a discussão antecipada de nomes para cargos a partir de janeiro. Esta seria a tônica se o ex-prefeito tivesse ganho o primeiro turno com larga vantagem. Sem garantia e com grande receio da derrota, todos foram pra rua;
4- Assim como Antônio Gomide fez em relação à Anápolis (2014), Vanderlan supervalorizou suas gestões em Senador Canedo. “Revoluções administrativas” têm alcance limitado quando projetadas para outra realidade. Iris enfrentou o mesmo problema em 2010 quando tentou o Governo estadual alicerçado basicamente em Goiânia;
5- Os rompantes de Iris Rezende são por demais conhecidos – a velha máxima do tudo posso, tudo faço – mas Vanderlan derrapou feio quando tentou se diferenciar alegando não ser um “político profissional”. Logo ele que foi prefeito duas vezes, disputou três eleições consecutivas e admitiu sonhar com a cadeira de governador no futuro. Incoerência pura;
6- Foi mais fácil para Iris administrar as inconveniências do vice, Major Araújo, e a histórica fama de não concluir mandato, reiterando centenas de vezes o compromisso de ficar no cargo até o último dia do seu governo. Vanderlan não teve a mesma “sorte” para lidar com o apoio do governador Marconi Perillo (PSDB), disparadamente o político mais rejeitado na capital;
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E por fim, a grande lição para Iris Rezende e Marconi Perillo: teriam morrido abraçados caso levassem adiante a união eleitoral “por amor a Goiânia”. O goianiense certamente refugaria o oportunismo político e o somatório das duas maiores rejeições na capital, elegendo qualquer um que estivesse na oposição. Nenhuma aliança prospera quando subestima a inteligência do eleitor.
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