Em entrevista exclusiva ao Folha Z, o presidente da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul) Alexandre Magalhães (PSDC) negou envolvimento no esquema de corrupção deflagrado pelo Ministério Público (MP) em maio deste ano.
Segundo Magalhães, é falsa a delação de uma funcionária que o coloca como responsável pelo esquema que visava desviar dinheiro do Mutirama para caixa 2. “Uma semana depois de assumir a Agetul, já percebi o esquema e fui até o MP”, afirmou.
Alexandre disse ainda que, assim que assumiu o cargo, foi cooptado a participar do esquema. “A partir dali, comecei a levar várias informações, vários papéis para o MP. Fui lá várias vezes. Basta olhar o sistema de identificação”, disse.
O presidente da Agetul relatou também que, dois meses depois, levou a funcionária Larissa Carneiro, envolvida no esquema, ao Ministério Público para contar a verdade: “Ela foi três vezes ao MP e mentiu nas três. Na quarta, já saiu presa”.
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Delação
A funcionária, Larissa Carneiro, foi presa na Operação Multigrana e, além de denunciar o presidente do órgão, implicou no esquema os vereadores Anderson Salles (PSDC), Jair Diamantino (PSDC) e Kleybe Morais (PSDC).
Na delação, ela afirmou que Alexandre determinava que fossem contabilizados menos bilhetes do que os vendidos para que o restante fosse desviado, em esquema de caixa 2. Larissa acrescentou que tudo está registrado nas planilhas de 2017 e que as quantias teriam sido usadas para pagar passagens e combustível para o presidente. Ela também citou como evidência um HD, que, segundo Alexandre, teria sido plantado na Agetul.
O presidente negou qualquer envolvimento. Disse estar tranquilo, ter todo o apoio do prefeito Iris Rezende para “moralizar” o órgão e apontou que a denúncia é uma perseguição política contra o PSDC. “Ela foi instruída por advogados a criar essa ‘ficção’ do caixa 2. Não é o promotor que está falando isso, são palavras dela”, declarou.
Quiosque
De acordo com Alexandre, Larissa foi gerente administrativa e financeira da gestão do ex-presidente da Agetul, Sebastião Peixoto, e foi indicada por ele para compor a nova gestão. “Nas funções administrativas, deixei funcionários de carreira, concursados. Não trouxe ‘pessoas minhas’. Uma das minhas infelicidades pode ter sido essa”, comentou Magalhães.
O presidente afirmou que existe um vínculo forte entre a funcionária e o grupo de Peixoto e citou até mesmo um quiosque concedido a ela dentro do parque. “Ela ganhou do Sebastião Peixoto uma concessão de quiosque para vender alimentos dentro do Mutirama. A irmã dela cuida de lá”, disse.
Vereadores
Sobre os vereadores envolvidos na delação, Magalhães reiterou acreditar que tudo não passa de “maldade política”. Segundo ele, vereadores de vários partidos o procuraram solicitando entradas do parque para escolas públicas e crianças carentes, mas nada irregular.
“Ela afunilou a coisa no PSDC porque foi instruída, uma maldade política. Tem vereador meu que está doente, sem dormir, triste. Esse grupo que está fazendo isso não me engoliu sentado aqui, a amizade que eu tenho com o Iris Rezende”, opinou, acrescentando: “Vamos continuar com a gestão pautada na seriedade. O que for preciso, vou levar ao MP novamente”.
Sebastião Peixoto
Ao Folha Z, o ex-presidente da Agetul Sebastião Peixoto afirmou que desconfiava de irregularidades no Mutirama e por isso mesmo ordenou que os ingressos fossem rasgados após a entrada e que os visitantes usassem pulseiras. Ele ainda disse que se sentiu traído por Larissa. “Eu pensava que ela fosse a pessoa mais correta da face da Terra, confiava nela mais do que na minha filha e fiquei pasmo quando descobri que ela tinha me passado para trás”, disse Peixoto.
Ele ainda destacou que a maior renda do parque foi durante a sua gestão, R$ 3,6 milhões. Já sobre a concessão do quiosque, o ex-presidente disse que todas as pessoas que trabalham lá estão irregulares, sem licitação. “A irmã da Larissa e outras três pessoas fizeram requerimento para reformar quatro quiosques que estavam abandonados. Conversei com uma promotora e autorizei. Além disso, os pagamentos que eles fazem são identificados no banco”, argumentou.
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