Um crime que chocou Goiânia.
Quatro tiros no rosto foram cruciais para tirar a vida de um empresário, considerado por muitos um dos melhores mecânicos de carros importados da cidade.
O assassinato ocorreu em 2015, no Jardim América.
Mas o desfecho da investigação só veio em 2018.
Para a família, o responsável do homicídio teve uma condenação pequena.
A viúva se sente inconformada com a pena de 14 anos de prisão para o autor.
“Diante da quantidade de provas coletadas [imagens de câmeras e apreensão da arma usada], esperávamos uma pena maior”, desabafou Ludmila.
Ela disse à Folha Z que, mesmo irresignada, entende que pelo menos o algoz de seu marido cumprirá pena.
O assassino, o auxiliar de segurança Jhenyweltton Teixeira, foi encarcerado na Penitenciária Odenir Guimarães (POG).
A pena foi proferida pelo presidente da 1ª Vara Criminal de Goiânia, o juiz Eduardo Pio Mascarenhas da Silva.
Viúva
“Foi um susto muito grande”, disse Ludmila Lacerda, viúva do empresário Abisué Monteiro dos Santos, 39, assassinado no dia 18 de julho de 2015, em Goiânia.
Naquela tarde, o empresário dirigia sua caminhonete com materiais que levaria para a chácara da família, no Jardim Itaipu.
Ao parar em um semáforo na Avenida dos Alpes, no Jardim Europa, o mecânico foi surpreendido por uma moto preta que se posicionou do lado direito do seu veículo.
Foi então que o motociclista, Jhenyweltton Teixeira, sacou uma pistola e efetuou 4 disparos no rosto de Abisué.
Ele morreu na hora.
Três anos depois, no dia 12 de junho de 2018, Jhenyweltton foi condenado pelo Tribunal do Júri a 14 anos de reclusão e 10 dez dias-multa, em regime inicial fechado.
A pena não foi maior porque o autor do crime era réu primário, isto é, não possuía antecedentes criminais.
Apesar do desfecho, os familiares da vítima nunca se sentiram completos novamente.
É o que revelou a viúva sobre o sentimento dela e do seu sogro sobre a condenação.
O crime que chocou a cidade
Ludmila conta que a provável motivação do crime surgiu após uma briga, em 2010.
Dono de uma oficina mecânica no Jardim América, Abisué também gerenciava kitnets localizadas ao fundo do seu estabelecimento.
Jhenyweltton, então com 17 anos, morava em uma delas.
A discussão entre eles surgiu quando Jhenyweltton passou a promover festas no local.
Ao notar a frequência das atividades, Abisué avisou que não concordava com a situação.
A tensão cresceu e eles chegaram às vias de fato em uma ocasião.
Dias depois, o autor do crime deixou a kitnet.
Porém, como sua irmã e um amigo seguiam morando no local, Jhenyweltton ainda era figura frequente na região.
Cinco anos se passaram desta tensão até que o dia fatídico do assassinato chegasse.
Segundo consta nos autos do processo, Jhenyweltton vendeu uma motocicleta dias antes do crime e comprou passagens para Santa Catarina.
Além disso, ele também adquiriu uma pistola.
Foi então que, em julho de 2015, matou Abisué, fugindo em seguida.
Impactos
Os tiros desconfiguraram o rosto do empresário, tornando difícil o seu reconhecimento de imediato.
Somente às 17h30 daquele dia, Ludmila Lacerda recebeu a confirmação de que a vítima era seu marido.
O baque afetou toda a família.
A filha do casal, hoje adulta, passou anos de terapia para tentar lidar com a perda do pai.
Já o próprio pai de Abisué foi um dos mais afetados pela situação.
Ele desenvolveu depressão e, mais recentemente, câncer.
Sequer pôde comparecer ao julgamento do crime devido ao seu estado de fragilidade.
“É uma família muito unida, havia muitos irmãos”, conta Ludmila, lamentando que, desde o assassinato, muita coisa mudou.
Investigação e prisão
A apuração do crime que chocou familiares, amigos e conhecidos de Abisué também não foi nada fácil.
Equipes da investigação relataram que o caso foi complexo, uma vez que não havia sequer suspeitos.
O empresário não possuía inimizades, nem mesmo histórico de práticas ilícitas.
Além disso, a suspeita inicial era de que o crime tivesse sido motivado por uma briga de trânsito.
Foram 2 anos nebulosos até que se chegasse ao autor do crime.
Desfecho possível graças à denúncia de um familiar do assassino
Os primeiros indícios surgiram somente após a denúncia de um primo de Jhenyweltton, feita 1 ano depois do episódio.
Após o desenrolar das investigações, a arma usada no crime foi apreendida e o acusado foi preso preventivamente em 22/11/2016.
Com a sentença, Jhenyweltton foi condenado a iniciar sua pena em regime fechado, por ter sido recebido mais de 8 anos de cadeia.
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