A primeira temporada de “Tyrant”, do canal FX, foi concluída no último dia 24 de agosto. Na curta duração típica dos seriados exibidos nessa época do ano, a mediocridade da atuação do protagonista e a incapacidade dos roteiristas na construção de personagens com profundidade e empatia deram o tom dos dez primeiros episódios.
O seriado sobre um fictício país do Oriente Médio passando por processo de abertura política não inova em nada. Peca até nas tentativas de dar mais contexto e complexidade aos problemas enfrentados pelas nações orientais (talvez até com boas intenções). Mas não há boa vontade que compense os estereótipos e os clichês apresentados.
Em certa medida, “Tyrant” se aproxima de “24” quando deposita em um único norte-americano a responsabilidade de salvar o dia. Mas, convenhamos, é muito mais aceitável quando Jack Bauer resolve uma crise internacional em poucas horas do que quando Bassam “Barry” Al-Fayeed apazigua todas as forças opostas e constrói a democracia com as próprias mãos.
Fora do núcleo de polarização do poder, as personagens femininas são todas inexpressivas. Para chegar a essa conclusão, basta usar o exemplo de Leila Al-Fayeed. A forte e gananciosa esposa do tirano Jamal tem como background apenas um romance frustrado com o cunhado. Não há nem o que discutir a respeito de Molly, Emma ou Amira, que servem somente como escada para o clímax dos outros personagens.
É certo que os episódios não foram intragáveis, embora tenham sido mornos e repetitivos. O alento é que outros seriados do canal compensam em grande estilo as falhas cometidas pelo FX em “Tyrant”.
Marco Faleiro é estudante de jornalismo e já tem mais de duas mil horas de seriados assistidos – [email protected]
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