Neste mês de outubro, “Homeland” retorna para a quarta temporada exibida pelo canal Showtime, nos EUA. Depois de um final de terceira temporada que chocou os espectadores e causou uma intensa virada de roteiro, o seriado voltou com os personagens em situações diferentes, mas vivendo os mesmos problemas de sempre.
Velhos conhecidos
Logo na estreia, um episódio duplo, com uma hora e 37 minutos. Nesse longo tempo, fomos introduzidos às novas vidas dos antigos (e sobreviventes) personagens. Carrie aparece como chefe de uma divisão da CIA no Oriente Médio e se vê como uma peça protagonista na crise dos drones americanos usados em ataques de retaliação aos terroristas. Uma nova perspectiva para a personagem, mas, não fosse a capacidade perturbadora de atuação de Claire Danes, o apelo da trama seria mínimo.
Saul aparece carismático, como sempre, e novamente às voltas com a mulher e a incompatibilidade dos objetivos de ambos. Quinn é o que mais surpreende, demonstrando perspectivas que nunca antes pudemos observar no reticente espião. E tudo o mais estaria bem encaminhado (trama contemporânea, desenvolvimento das figuras centrais e novos desafios), a não ser pelos deslizes que, logo de cara, preocupam para o prosseguimento da temporada.
Piores momentos
Primeiro, a inicial cena de um ataque autorizado por Claire ao local onde se encontrava um líder da resistência local. O que, além de um recurso raso e barato do que há de mais pastelão na TV, foi o close da câmera do drone no rosto indignado do rapaz que sobreviveu ao bombardeio?
Depois e pior ainda, a típica cena de comédia romântica (mas com mais matizes, admito) de Quinn na lanchonete. Fez lembrar de tantos outros filmes e tantos outros contextos insignificantes, que foi difícil me compadecer dos complexos dilemas com os quais tem de lidar o pobre moço.
Veredito
Para não dizer que tudo foi ruim, destaco duas cenas. Toda a sequência da perseguição ao suspeito Sandy Bachman (interpretado pelo excelente Corey Stoll, de “House of Cards”), resultando no seu linchamento foi muito bem executada. Outro momento de forte emoção foi o banho que Carrie deu na filha. Uma mistura balanceada de ternura e loucura, o que representa muito bem a personalidade dessa mulher.
Resumindo, ainda é muito cedo para afirmar categoricamente se vale a pena continuar assistindo “Homeland”. Muitos disseram que a hora de abandonar o barco já passou e que seriado deixou de ser bom já no terceiro ano. Mas as reviravoltas surpreenderam e sei que o seriado tem profundidade e coragem suficientes para manterem a minha atenção.
Marco Faleiro é estudante de jornalismo e já tem mais de duas mil horas de seriados assistidos – [email protected]
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