A facilidade para bater papo com Maurício Caetano, 36, indica que os negócios não vão bem. Hoje o taxista depende de corridas agendadas pelo rádio, por meio da empresa em que ele trabalha. Mas nem sempre foi assim. De acordo com ele, o antigo supermercado Marcos da Avenida T-7 era ponto certo para atrair clientes que queriam transportar as compras do mês até suas casas.
A demanda rotativa estimulava a concorrência e garantia a atuação de três empresas de táxi. Com o esvaziamento da procura, houve queda na frota de veículos para atender a região. Agora, Maurício é o único a estacionar no local, em plena calçada, sem pedestre para incomodá-lo na travessia ou para solicitar viagem. Ele lamenta que as portas do Marcos tenham se fechado também para ele.
O dono da banca de revistas Sul América, Anildo Tomaz de Aquino, conhecido como Grandão, precisa, literalmente, “baixar as portas” mais cedo. É que antes a revistaria acompanhava o funcionamento do supermercado e encerrava expediente por volta das 22h – três horas a mais que o tempo atual.
Faz 30 anos que Anildo acompanha supermercados chegarem e saírem daquele prédio atrás da banca. Antes do Marcos, a fachada já migrara de Passe Bem para Sul América.
A novidade é a possível chegada do quarto nome para ocupar as instalações do prédio: o Supermercado Tatico. Anildo Tomaz mora no Jardim América há 40 anos e suas apostas são de que as coisas melhorem neste começo de ano – opinião partilhada pelos que desejam para o futuro da região a prosperidade provada no passado.
Entrave
A notícia ganhou valor, sobretudo pela visita recente de um suposto grupo de técnicos da empresa e a promessa de abertura rápida de mais uma unidade dos supermercados Tatico. A reportagem procurou a administração da empresa, mas não encontrou resposta oficial que pudesse confirmar a informação. Uma fonte próxima ao diretor geral da rede supermercadista, no entanto, ratificou a notícia e revelou que o único entrave que interrompe a evolução do acordo é a inadimplência de dívidas ligadas ao fornecimento de energia elétrica para a empresa anterior (pendência em negociação avançada com a Celg).
Em frente ao prédio do antigo Marcos da T-7, José Ramalho Filho, gerente da loja de móveis que fica do outro lado da rua, estima que as vendas caíram em 30% desde que o supermercado deixou de existir naquele ponto. Pelo menos três estabelecimentos comerciais de diferentes segmentos fecharam as portas. A explicação, para ele, é o fato de que “quando o comércio funciona bem, funciona para todo mundo”.
Além de comerciantes, o descontentamento também atinge moradores. Alguns alegam que o estacionamento do antigo supermercado, localizado na Avenida C-205, tornou-se abrigo para inúmeros andarilhos, que fazem suas necessidades aleatoriamente pelo local.
Nahyara Moura
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