Dilma e Lula
A reunião entre a presidente reeleita Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante, teve vários significados e serviu para mandar recados a diversos setores. O primeiro deles é mostrar que Dilma Rousseff já está fechando os nomes do novo ministério, que será anunciado em breve. Lula recomendou que Dilma surpreenda positivamente a economia com anúncio de um nome que agrade aos investidores e economistas. O problema é que neste caso o nome do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, aparece como favorito à vaga do ainda ministro da Fazenda Guido Mantega. Mas a presidente não gosta de Meirelles, com quem se desentendeu em mais de uma ocasião, no governo Lula.
Para digerir
Interlocutores do Palácio do Planalto admitem que Dilma Rousseff ainda nutre uma certa reserva em relação ao nome de Meirelles, mas estaria disposta a aceitar a nomeação dele para a vaga de Guido Mantega. A reunião também tenta dar um recado político do Congresso e ao eleitor: num segundo mandato de Dilma, o ex-presidente estará mais próximo ainda do Palácio do Planalto. Por proximidade, entenda-se que Lula vai ajudar a dar as cartas e definir os rumos da administração e dos projetos sociais. Para o Congresso, a ideia é que a reunião sinalize para um acalmar de ânimos na relação com o governo.
Mais uma
Por falar em Congresso, mais uma votação desagrada os interesses do governo. O Plenário da Câmara aprovou o aumento de um por cento dos repasses de impostos federais ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Trata-se de um apelo antigo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que reclama da falta de dinheiro generalizada nos caídas das prefeituras. Ruim para o governo, que vai sentir o impacto da medida.
Vitrine
Na volta ao Congresso Nacional o senador e ex-candidato a presidente, Aécio Neves (PSDB-MG) deu uma demonstração de força e prestígio que sinaliza para a atuação mais intensa da oposição no segundo mandato de Dilma. O problema é que dentro do PSDB já existe uma aposta de que o nome de Aécio vais perder peso nos próximos meses, resultado da atuação mais forte do senador eleito José Serra e do governador reeleito de SP, Geraldo Alckmin. Os dois sonham com a vaga de candidato ao Planalto em 2018 e apostam no enfraquecimento do colega de legenda.
Vitrine 2
Já existe um consenso entre os defensores de Aécio Neves de que ele precisa ser mais atuante como senador, já que na primeira metade do mandato ele ficou praticamente apagado entre os colegas. Por isso, Aécio deve brigar por uma comissão técnica que o coloque na vitrine, permita que ele ataque o governo mas não seja alvo de combate. A mais provável é a comissão de Relações Internacionais. A decisão sai antes de janeiro.
Veneno
Piada interna no Senado: será que se sentindo ameaçado por Serra e Alckmin, o senador Aécio Neves vai continuar usando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como uma espécie de guru/amuleto? É que os dois outros tucanos se descolaram do ex-presidente nas duas campanhas anteriores. O senador mineiro fez o contrário.
Sobre multas
Na mesma semana em que os novos valores das infrações de trânsito entraram em vigor, a Comissão de Viação e Transportes da Câmara aprovou o projeto que suspende o efeito das infrações de trânsito, enquanto o recurso interposto pelo motorista não for julgado. Trocando em miúdos: a multa não vai gerar efeitos práticos, como a pontuação da infração na habilitação do condutor até a conclusão do processo. A dúvida é se essa medida não vai soar como incentivo aos maus motoristas.
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