Uma das mais novas produções do Showtime, (canal responsável pela recuperada “Homeland”) “The affair” estreou prometendo muita profundidade e sensibilidade. O drama conta a história do professor e escritor Noah (vivido por Dominic West, de “The Wire”) e da garçonete Alison (Ruth Wilson, de “Luther”). Tudo se passa durante as férias de verão de Noah com a família na casa dos sogros.
Ele: casado e pai de quatro filhos. Ela: também casada e mãe ainda em luto pela perda do único filho poucos anos atrás. Os dois: se envolvem num romance baseado em perigo, culpa e atração sexual. Temas como família, relacionamento, realização profissional, insegurança, covardia e conservação de tradições interioranas são pano de fundo de uma trama intrincada e envolvente.
Mas, além dos costumeiros dramas familiares que se passam nos produtos desse gênero, a série cativa pelo formato. Os episódios são divididos em dois capítulos, intitulados Noah e Alison. Porém, o diferencial está nas cenas que envolvem esses dois personagens centrais, porque esses momentos são repetidos nos dois blocos.
Primeiro, vemos o contato inicial do casal sob o ponto de vista dele e, em sequência, os mesmos fatos, com várias diferenças, sob o olhar dela. No relato de Noah, Alison é sempre provocante, atrevida e despreocupada com o mundo ao seu redor. Já para Alison, Noah é quem toma todas as iniciativas, insiste e a convence.
Logo no início, somos apresentados também a uma linha temporal futura, em que os dois são interrogados separadamente por um detetive e remontam os acontecimentos daquelas férias de verão. O formato lembra a já aclamada “True Detective”, que intercalava a narrativa do presente e do passado, revelando aos poucos o motivo dos interrogatórios dos inigualáveis Woody Harrelson e Matthew Mcconaughey.
Descobrimos, no quinto episódio, quem foi a vítima do assassinato investigado. Mas ainda não sabemos nenhum detalhe do crime, muito menos o envolvimento do casal de amantes. Mesmo que o suspense policial não seja tão provocativo, a evolução das personagens, os ângulos e o formato da série não desapontam em momento algum.
Para quem ainda não está convencido da beleza dessa narrativa em pontos de vista, vale a pena assistir “O primeiro amor” (“Flipped”, de Rob Reiner). Afinal, que história não muda se mudarmos o contador?
Marco Faleiro é estudante de jornalismo e já tem mais de duas mil horas de seriados assistidos – [email protected]
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