Exclusivo
Uma corrente governista do PMDB tomou uma decisão arriscada: não vai fazer nada para impedir a eleição do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara, nem pedir que ele esfrie os ânimos na dura relação com o Palácio do Planalto e a presidente Dilma Rousseff. Esta ala acredita que os exageros e os rompantes oposicionistas de Eduardo Cunha vão acabar expondo o lado mais radical do deputado, e desgastando publicamente o desafeto da presidente. Quando tudo estiver descontrolado, a turma do deixa disso deve entrar em campo. O Planalto teme a estratégia.
Nome no escândalo
Parte desta ala governista acredita que a única alternativa para queimar Eduardo Cunha e colocar uma pedra em cima do sonho dele de presidir a Câmara é o aparecimento do nome do deputado nas investigações da Polícia Federal, que apura o escândalo da Petrobrás. Especulações existem aos montes, mas até agora, nada.
Faz de conta
Nos corredores do Congresso Nacional já é dado como certo que até o fim do ano vai ser feito muito barulho, mas nada de realmente novo deve sair das investigações parlamentares sobre o caso Petrobrás. É que o suposto esquema teria começado ainda no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso e se consolidado nos governos Lula. O problema é que não sobrariam partidos suficientes de mãos limpas para investigar de verdade. A esperança de parte da oposição recai sobre a investigação da PF. Se essa hipótese se confirmar, o assunto só deve voltar a ganhar força na segunda quinzena de janeiro.
E agora?
Ao anunciar a aposentadoria definitiva dos cargos públicos, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse a esse jornalista que a saída para toda essa onda de denúncias e escândalo de desvio bilionário na Petrobrás está nas mãos da presidente reeleita, Dilma Rousseff. Uma saída, segundo ele, que vai exigir coragem de guerrilheira. Na avaliação de Simon, a presidente precisa fazer sozinha a reforma ministerial, descolada do ex-presidente Lula e bem longe das indicações de qualquer partido, principalmente o PT e o PMDB. Só assim ela assumiria o controle da situação e colocaria a banda podre para correr. “Ela precisa mostrar força para passar esse país a limpo”, disse Simon.
Futuro
Por falar em Pedro Simon, a partir de janeiro, vai ser a primeira vez, em 32 anos que ele não estará ocupando uma cadeira no Senado Federal. Aos 85 anos Simon se aposenta da vida pública, mas não da política. Ele revelou à coluna que vai voltar a cruzar o Brasil, de Norte a Sul, tentando mobilizar os jovens e chamando a atenção para a necessidade de uma onda de protestos populares para provocar as mudanças que o Brasil precisa. “Porque não adianta esperar mudanças por parte desses deputados e senadores que aí estão”, disse Simon.
Recuerdo
Último peemedebista histórico – ajudou a fundar o MDB, ainda na Ditadura- Pedro Simon coordenou o movimento Diretas Já, percorreu o Brasil na luta pela anistia política e participou das CPIs mais importantes da história. Disse que deixa a política porque quer sair vivo do Congresso Nacional. “Quero sair ainda caminhando”, brincou.
Por fim…
Ao analisar o escândalo da Petrobrás, Pedro Simon brincou e fez uma analogia. Disse que comparado à situação atual, o escândalo envolvendo o ex-presidente Fernando Collor de Mello teria de ser tratado pelo juizado de pequenas causas.
E a Marta?
Falei aqui na semana passada da situação da senadora e ex-ministra da Cultura, Marta Suplicy. E mal chegou ao Senado, onde reassumiu o mandato, Marta já botou mais um pedaço das mangas para fora. Assim que retomou a cadeira no Senado ela foi tratando de dizer que pode se filiar ao PMDB. O que ela talvez não soubesse é que uma ala grande do PT está comemorando a possibilidade. E uma do PMDB tem medo. É que Marta Suplicy chegaria ao partido assumindo território e ameaçando futuras candidaturas por São Paulo.
Discussão sobre isso post