2014 foi marcado, entre outras coisas, por um duelo de titãs do RPG nos mobiles com a série Final Fantasy recebendo a companhia de sua velha adversária, Dragon Quest. Elas não só são as maiores franquias do JRPG como praticamente criaram o gênero e, por ironia do destino, vieram a se tornar irmãs: Square, estúdio de Final Fantasy e Enix, estúdio de Dragon Quest, se unificaram em 2003 com a fundação da Square Enix.
Com esses dois gigantes ao alcance de seu celular e/ou tablet muita gente fica em dúvida sobre qual escolher. Se esse mal lhe aflinge, seus problemas acabaram! Trago aqui a resposta pelas palavras de alguém que entende muito do assunto: Shaun Musgrave, principal reviewer do Touch Arcade e especialista em RPGs:
“Há um fator chave que diferencia Dragon Quest e Final Fantasy da forma como conhecemos hoje: Final Fantasy é apenas um nome e alguns conceitos base que são usados por várias equipes criativas diferentes para explorar ideias diferentes. Dragon Quest, por outro lado, é a visão de um único homem, Yuji Horii, que sempre contou com desenhos de Akira Toriyama e trilha sonora do Koichi Sugiyama. Esse trio já trabalhou com várias pessoas, mas sempre seguindo a visão do Yuji, por isso há uma sensação de interconexão entre os jogos.
Resumindo, Dragon Quest se foca em constantemente aprimorar sua já estabelecida jogabilidade enquanto Final Fantasy busca inovar, as vezes jogando quase tudo pro alto para tentar algo totalmente novo.
Se você prefere história, fique com Final Fantasy. Se você prefere aventura e exploração, fique com Dragon Quest.”
Se a dúvida agora não é mais a diferença entre um e outro e sim quais são os melhores títulos disponíveis na App Store e na Google Play, essa é a ordem de preferência do Shaun (sem contar spin offs como Final Fantasy Tactics, Final Fantasy Dimensions e Final Fantasy IV: The After Years):
Final Fantasy 5: “Acrescenta excelentes possibilidades de personalização que permite jogar de uma forma diferente inúmeras vezes. A história não é a melhor, mas é bem legal para a época e eu curto seu senso de humor”;
Final Fantasy 6: “É uma obra de arte visual e sonora com um enredo sério e ambicioso e personagens memoráveis. Um pouco fácil em termos de jogabilidade, no entanto”;
Dragon Quest 4: “A incomum abordagem em capítulos do enredo e a paciência com a qual a história como um todo se desenrola são ótimos. E eu amo muito os personagens”;
Dragon Quest 3: “Tem uma jogabilidade que te dá um monte de opções e a história se apóia bastante em conexões com os jogos anteriores”;
Final Fantasy 4: “A versão mobile é baseada na versão Nintendo DS, que traz diversos ajustes na dificuldade que eu realmente gosto, mesmo não sendo minha versão preferida. A história é boba, mas tem bastante apelo devido à imitação de Star Wars”;
Dragon Quest 8: “É simplesmente uma grandiosa aventura. Só que o ritmo sofre um pouco lá pela metade, ficando meio lento, e o port mobile não é dos melhores”;
Final Fantasy: “Ainda é altamente jogável pela nostalgia, mas com certeza mostra sua idade, principalmente na versão mobile”;
Dragon Quest: “É meio que básico demais para se destacar”;
Final Fantasy 2: “É meio que um jogo zoado e o port mobile também é zoado, de uma certa forma”;
Dragon Quest 2: “Tem problemas muito, muito sérios com o ritmo de seu desenrolar”;
Final Fantasy 3: “É baseado no remake feito para Nintendo DS e eu não gosto nem um pouco das mudanças que essa versão traz na jogabilidade”.
Agora que você já sabe a diferença entre as séries e quais são os melhores entre os já disponíveis para a plataforma móvel, vou aproveitar o tema para elucidar duas questões sobre essas séries que confundem muita gente:
Dragon Quest ou Dragon Warrior?
Dragon Quest foi lançado no Japão em 1986, mas nos EUA a série recebeu o nome Dragon Warrior para evitar confusão com o livro de RPG DragonQuest, publicado em 1980. Apenas em 2002 a Enix registrou a marca Dragon Quest para uso na terra do Tio Sam e, em 2005, passou a usá-la. Ou seja, Dragon Quest e Dragon Warrior são exatamente a mesma coisa.
Final Fantasy e sua confusão cronológica
Tem gente que diz que Final Fantasy 3 é o sexto jogo e tem gente que diz que Final Fantasy 6 é o terceiro. Quem está certo? Ambos! A cronologia é um pouco confusa, então senta que lá vem história.
Para compreender isso é preciso voltar ao mundo dos games na década de 80, um mundo não globalizado onde Japão e EUA não estavam a um clique de distância e sim cada um de um lado do planeta. Quando um jogo era lançado no Japão, muitas vezes as pessoas nos EUA nem ficavam sabendo de sua existência, a não ser que ele se tornasse um grande sucesso. Se esse sucesso acontecesse e o game despertasse o interesse dos norte americanos, era preciso traduzir e inserir todos os textos (que sempre foram extensos nos JRPGs). Esse processo era muito mais complicado e demorado naquela época, por isso entre o lançamento japonês e o americano se passavam meses e, em alguns casos, anos. Isso se houvesse lançamento americano.
Final Fantasy é o melhor exemplo disso:
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Final Fantasy: Lançado no Japão em 1987 e nos EUA em 1990;
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Final Fantasy II: Lançado no Japão em 1988 e não lançado nos EUA;
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Final Fantasy III: Lançado no Japão em 1990 e não lançado nos EUA (que ainda recebia o primeiro);
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Final Fantasy IV: Lançado no Japão em 1991 e nos EUA no fim do mesmo ano como Final Fantasy II;
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Final Fantasy V: Lançado no Japão em 1992 e não lançado nos EUA;
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Final Fantasy VI: Lançado no Japão em 1994 e nos EUA no fim do mesmo ano como Final Fantasy III;
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Final Fantasy VII: Lançado no Japão e nos EUA também como Final Fantasy VII.
A partir desse ponto a cronologia foi acertada e os jogos passaram a ter sempre os mesmos nomes. Os títulos que não haviam sido lançados nos EUA só chegaram lá através de relançados a partir do fim da década de 90.
Vale ressaltar que na App Store e na Google Play os jogos tem seus nomes originais.
Fontes: Touch Arcade, IGN e Wikipedia
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André Garcia é escritor, poeta, membro da Academia de Artes de Cabo Frio e (mobile) gamer
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