Rodrigo Czepak especial para o Folha Z
O assunto do dia, talvez do ano, atende pelo nome de Luiz Augusto Ferreira da Silva. Hoje padre, mas acima de tudo cidadão. Seu trabalho social é indiscutível e merece aplausos por beneficiar milhares de pessoas. As ações solidárias, entretanto, não são suficientes para justificar o injustificável: 20 anos como funcionário fantasma da Assembleia Legislativa não são 20 dias.
Pisou na bola
Padre Luiz Augusto pisou na bola ao não admitir ao jornal O Popular o erro por receber sem trabalhar. Bastava um mea culpa e a apresentação dos dados da conta corrente onde o salário foi depositado. Afinal, ele próprio admitiu “não usar o dinheiro e não saber quanto ganha”. Outra pérola do religioso: “Tentei me demitir umas oito vezes”. Quanto mais argumentava mais se enrolava.
Duro e implacável em suas posições, padre Luiz Augusto já protagonizou inúmeras polêmicas com a cúpula da Igreja Católica, Prefeitura de Goiânia, empresários e fiéis que frequentavam ou não as suas celebrações. Jamais teve papa na língua ao criticar o que considerava não condizente com os preceitos cristãos.
Hoje a sociedade goiana faz a sua análise sobre as atitudes do padre Luiz Augusto. Não se trata de execração pública ou julgamento frio como alguns tentam rotular. Ele é um ser humano que merece consideração e respeito, porém não está acima do bem e do mal.
Maurício Sampaio
Aliás, o padre já havia percebido isso quando visitou o empresário Maurício Sampaio, acusado de ser o mandante do assassinato do cronista Valério Luiz, na delegacia. Sua atitude foi questionada não pelo ato cristão de estender a mão a um conhecido em dificuldade, mas pela exposição pública e o momento inadequado.
Tudo que envolve o padre Luiz Augusto é sinônimo de ampla repercussão. E no caso da Assembleia Legislativa, o tema ter vindo à tona traz uma luz sobre outros casos semelhantes que ainda se encontram camuflados. Quem sabe não seja um divisor de águas. Reza a lenda que outros religiosos mantêm regalias semelhantes no poder público, Executivo e Legislativo, porém por intermédio de terceiros. Não seria hora de acabar de vez com essa farra dos funcionários fantasmas?
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