O funeral do futebol
Constrangido, Joseph Blatter fez o que se esperava antes da sua reeleição para a presidência da Fifa. Admitiu que o “mundo do futebol parecia não apoiá-lo mais” e anunciou a saída. Mas não será tão simples assim. O calvário de Blatter, e por consequência dos seus seguidores, está apenas começando. Três reflexões sobre o emblemático declínio do até então poderoso líder do futebol mundial:
– O gesto de abdicar do poder lembrou a decisão de Bento XVI em deixar o comando da igreja católica, abrindo espaço para a eleição do Papa Francisco. Apesar de Fifa e Vaticano serem duas caixas-pretas, a diferença é que Blatter não terá a segurança de um cargo emérito para permanecer protegido pelo sucessor;
– Ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira vai gastar muito, mas muito dinheiro com advogados para tentar se desvencilhar da sucessão de transações financeiras que comandou à frente da entidade. Meio bilhão de reais em desvios é só o começo da investigação. E alguns dirigentes de federações estaduais, notadamente do grupo de Teixeira, também estão mobilizando estrutura jurídica para enfrentar prováveis furacões;
– A propósito, três políticos em Goiás respiram aliviados pelo fato de uma das sedes da Copa 2014 não ter vindo para Goiânia: Iris Rezende e Alcides Rodrigues, criticados pela falta de arrojo, e Marconi Perillo por não estar no governo naquele momento. Hoje Goiás poderia estar no olho do furacão.
Ideologia, eu quero…
Sou do tempo em que os congressos da União Nacional dos Estudantes (UNE) eram intensos, aguerridos e questionadores. Chegava a sentir uma pontinha de inveja da ideologia e da determinação de seus líderes. Bastou o Partido dos Trabalhadores (PT) perder a virgindade no alto comando do país, com amplo respaldo do PCdoB, para a história de luta ser jogada na lata do lixo. Ao contrário das décadas de 80 e 90, hoje a bandeira de “defesa da democracia” anda mais surrada do que camisa do Goiânia Esporte Clube.
… uma pra viver
O 54º Congresso da União Nacional dos Estudantes começa hoje e vai até domingo com cerca de 10 mil participantes espalhados por instalações da UFG e da PUC/GO. Goiânia se transformou em referência para a realização dos encontros por sua localização estratégica. Dessa vez os organizadores inventaram uma justificativa inusitada: também pela “exemplar” situação econômica de Goiás. Eis o exemplo clássico de como a UNE anda governista e moribunda. Se já não bastasse a dependência financeira junto ao governo federal, a entidade passou a criar discurso fantasioso para bajular quem patrocina seus eventos.
Rapidinhas
… Eduardo Cunha vai botar mais pilha na Câmara dos Deputados. Já aparece com 3,5% de intenção de votos para presidente no DF;
… Ronaldo Caiado representa contra Demóstenes Torres no Conselho Nacional do Ministério Público e mantém acesa a chama da discórdia;
… A atriz Adriana Esteves anda tendo crises de intolerância em função do fiasco da novela “Babilônia”. Ficou mal acostumada com o sucesso da Carminha de “Avenida Brasil”;
… Impossível escrever algo sobre pirotecnias do serial killer e tragédias como a do Buriti Shopping. Qualquer comentário tem potencial de estímulo para desequilibrados enrustidos.
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