Sonho de consumo na cabeça
Ao longo do tempo foram muitos os adjetivos: deputado bom de fala, moço da camisa azul, governador que valoriza o servidor, gestor que prioriza a eficiência no serviço público, governador da ETE, do Crer, do Vapt Vupt e, mais recentemente, das OS´s, do Hugol e por aí vai. Mas Marconi Perillo tinha um sonho de consumo na cabeça. Disfarçado, é claro, afinal contrariava os princípios da batalha épica contra Iris Rezende em 1998. Entrar para a história como o grande “tocador de obras” de Goiás.
Como todo político, Marconi foi picado pela mosca azul. Mas não houve mudança sem resistência. Ele próprio repetia que seu desejo era ser lembrado como governador humano, que valoriza as pessoas. Foi assim nos dois primeiros governos. Ganhou muitos pontos com o funcionalismo, chegando ao ápice de ser carregado quando visitava repartições públicas. Tudo ia bem até o eterno adversário Iris Rezende surgir de novo em seu caminho, justo aquele que um dia Marconi pensava ter liquidado politicamente.
Goiânia, um canteiro de obras
Contra tudo, contra todos, mas com aquela mãozinha do ex-prefeito Pedro Wilson (PT), Iris assume os destinos de Goiânia e transforma a capital num grande canteiro de obras. Realiza para os pobres, para os ricos, para os servidores, para as entidades de classe, enfim para a sociedade em geral. O sucesso foi tamanho que Marconi admitiu a Iris, durante visita ao gabinete no Paço Municipal, que a mulher Valéria e as filhas Isabela e Ana Luísa eram as maiores fãs do ritmo administrativo imposto pelo prefeito em Goiânia.
A exemplo de 1998, esse encontro selaria o destino dos dois políticos. Eles se enfrentariam mais duas vezes na corrida ao Governo do Estado e a articulação político-financeira de Marconi faria a diferença. Mas o sufoco na primeira vitória, em 2010, fez com que o governador revisse de vez a importância da realização e divulgação das obras em sua gestão. Nesse momento ele já contava com o apoio e a orientação de um grupo significativo de ex-peemedebistas, entre eles o publicitário Hamilton Carneiro.
Diferente de Iris, vestiu o uniforme do gestor moderno
Marconi, então, foi à luta. Assumiu pra valer o papel de tocador de obras, com direito a capacete e manga de camisa dobrada. Mas, ao contrário de Iris, vestiu o uniforme de gestor moderno. Aquele que visita canteiros, cumprimenta operários, mas não necessita estar suado e muito menos pegar na enxada como o ex-prefeito. Estratégia perfeita para afastar de Marconi, à época, o rótulo de almofadinha, de governante virtual, de não gostar de pobre.
O resultado desta transformação foi determinante para o salto político na trajetória de Marconi Perillo, garantido-lhe a reeleição com considerável folga em 2014. E novamente com Iris Rezende fazendo parte do processo.
De uma forma ou de outra, o tucano e o peemedebista permanecem ligados umbilicalmente. São dois tocadores de obras que se completam, cada qual ao seu estilo. Odeiam comparações, geralmente preferem contestá-las, mas contra fatos não existem argumentos.
Discussão sobre isso post