É necessária muita prudência e responsabilidade para avaliar os desdobramentos da Operação Compadrio que atingiu o coração da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) na manhã de hoje. Exatamente algo que faltou ao seu presidente, Jayme Rincón, em reiteradas críticas a adversários políticos. O faz-tudo do Governo Marconi sempre gostou do papel de pitbull, entretanto se esquecia do quão delicada e espinhosa é sua função administrativa.
Ainda não há como mensurar o resultado prático das prisões e depoimentos colhidos pelo Ministério Público ao longo do dia. Informações estão sendo prestadas pelos promotores em coletiva à imprensa. O que pode e deve ser analisado diz respeito ao desvirtuamento do papel da Agetop ao longo dos últimos anos. Um órgão que deveria cumprir função mais técnica do que política se transformou em palco de manifestações de apoio a pré-candidatura na capital, base de articulação para sucessão na Câmara de Goiânia e beija-mão de quem está em alta ou em baixa no governo.
Poder paralelo em administração pública não costuma ter vida longa, mesmo incentivado por Marconi Perillo, amigo fraterno e inseparável companheiro de viagens. A Agetop tem os próprios problemas para resolver, e não são poucos, mas mesmo assim seu presidente assumiu o papel de guru da comunicação, da articulação política e até mesmo da agenda social.
Rincón, hoje, é temido e odiado na mesma proporção dentro do governo. Por isso foram ouvidos fogos de artifício na Praça Cívica quando as primeiras informações da Operação Compadrio foram divulgadas. Já é possível observar nas rodas de empresários e parlamentares ligados à base aliada pesadas críticas, porém ainda veladas, contra o rolo compressor chamado Jayme Rincón.
Estava escrito nas estrelas que o holofote colocado pelos próprios governistas na Agetop e o elevado número de descontentes com os métodos ali praticados iriam atrair a atenção do Ministério Público. Quem acompanha as manifestações nas redes sociais não tinha dúvida de que, mais cedo ou mais tarde, Rincón e sua equipe seriam chamados para prestar esclarecimentos sobre a polêmica e conturbada rotina administrativa.
Políticos experientes como o ex-prefeito Nion Albernaz, deputados federais e estaduais tentaram abrir os olhos do governador Marconi Perillo sobre o excesso de poder de Jayme Rincón e as inevitáveis consequências negativas para o ninho tucano em Goiânia e alguns municípios do interior. Marconi optou por continuar prestigiando o amigo de todas as horas e fiel defensor de seu legado. A primeira parcela do apoio irrestrito está sendo debitada agora com a Operação Compadrio. Outras parcelas estão por vir.
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