Por Rodrigo Czepak
Para o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus de Abadiânia, o céu é o limite. Recém-operado no Hospital Sírio Libanês (SP) de uma hérnia no aparelho digestivo, ele decidiu manter a viagem a Nova York, que faria no dia 27 de setembro para atender 12 mil pessoas. A polêmica em torno da eficácia ou não das cirurgias espirituais continua sendo o combustível que transforma João de Deus no pop star da mediunidade aos 73 anos, dez casamentos e nove filhos. Um personagem altamente controverso.
Com John of God não há meio termo: é ame-o ou deixe-o. Entre seus seguidores mais famosos estão Oprah Winfrey, Paul Simon, Dilma Rousseff, Lula, Paulo Skaf, Xuxa, Giovanna Antonelli e os governadores Rodrigo Rollemberg (DF), Marconi Perillo (GO) e Geraldo Alckmin (SP). Um cartel de celebridades que não se cansa de aplaudir as curas e o trabalho social desenvolvido por João de Deus na Casa Dom Inácio de Loyola há 30 anos. Local que é procurado por cerca de cinco mil pessoas todas as semanas para o tratamento das mais variadas doenças.
Doações
É nesse momento que o contraditório se estabelece. João de Deus garante que nada cobra pelos atendimentos e cirurgias mediúnicas, porém não recusa doações espontâneas. Resultado: o médium hoje é proprietário de avião, 28 imóveis em Abadiânia, fazendas de gado e mineração. Conta com 40 funcionários registrados e mais de 200 voluntários para atender pessoas de todo o país e do exterior. Um verdadeiro império, materializado no cordão de ouro e no anel de esmeralda que João de Deus usa diariamente, sempre protegido por segurança particular.
“Sou apenas um instrumento nas mãos de Deus”, responde o médium com frequência. Há quem acredite e quem desconfie. João de Deus não busca a unanimidade, porém exibe sinais de inquietação com excesso de perguntas. Recebeu, como doação, um terreno de 2,5 mil metros quadrados em Jundiaí (SP) onde pretende construir em breve uma filial da Casa Dom Inácio Loyola. O resultado da viagem aos EUA também pode resultar em situação semelhante.
Empurrãozinho
A hipertensão e a cobrança excessiva por resultados levam João de Deus a tomar uma série de remédios para controlar a pressão. Não os caseiros que ele indica aos pacientes, mas sim os produzidos em laboratório e com receita médica. O médium sempre reforça a necessidade de manutenção do tratamento tradicional. Com João Deus cabe uma adaptação à narrativa bíblica: “a fé move montanhas, mas não custa um empurrãozinho extra”.
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