Pegou mal
Repercutiu muito mal, dentro do PSDB, o conselho dado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao deputado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Suspeito de manter contas na Suíça para guardar dinheiro supostamente desviado da Petrobrás. Cunha foi aconselhado por Aécio a abrir mão do cargo de presidente da Câmara, para preservar o mandato. O tucanato entendeu que ao agir assim, o senador mineiro deixou escapar que não está muito preocupado com tudo o que envolve a Lava-Jato, que apenas aos opositores devem ser aplicados os rigores da lei, enquanto aos amigos devem ser concedidos os benefícios das brechas da legislação. A turma que defende o nome de Geraldo Alckmin para disputar a Presidência pelo PSDB em 2018 riu de orelha a orelha.
Enfraquece discurso
Na avaliação do grupo mais moderado da oposição, principalmente os tucanos, a declaração do senador Aécio Neves em apoio ao deputado Eduardo Cunha prejudica, e muito, o discurso de quem quer assumir ou reassumir o comando do país. Tanto PSDB quanto o principal aliado, o Democratas, Aécio prejudicou o discurso da ética, porque deixou claro que não é tão contra assim a prática de contas no exterior, com dinheiro de origem duvidosa. Na avaliação de um influente parlamentar do Democratas, o ex-presidenciável mostrou que nas diferenças, são todos iguais.
De braçadas
O desempenho ruim do senador Aécio Neves como o “gestor da oposição”, papel que era esperado dele neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff vem prejudicando e muito a imagem do PSDB e permitindo que o Democratas nade de braçadas no Congresso. No Senado, o principal nome da oposição se tornou o do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Na Câmara, onde havia alguma expectativa em torno do nome do deputado Carlos Sampaio (CE) na liderança do PSDB, quem acabou roubando a cena foi outro parlamentar do Democratas, o pernambucano Mendonça Filho.
No vácuo
Para um partido que estava em vias de extinção, o Democratas acabou ganhando ares de legenda forte, graças às atuações de Mendonça Filho e Ronaldo Caiado. Parte do ninho tucano já está de olho e deve haver mudanças significativas na condução da legenda nas duas casas, após o recesso do fim do ano. Perguntado sobre o que pensa disso, um tucano da ala histórica do partido, que pediu para não ter a identidade revelada, apenas lembrou que a natureza se desenvolve no vácuo e que enquanto o PSDB não reagir, o Democratas continuará a ganhar importância.
Dois meses, apenas
O governo fez as contas e já sabe que não terá condições de mobilizar as bancadas para aprovar tudo o que precisa na Câmara e no Senado, ainda este ano. Como faltam menos de dois meses úteis de período legislativo, deputados e senadores não conseguirão limpar a pauta, muito menos botar em votação tudo que interessa diretamente ao Palácio do Planalto. No vale-tudo instaurado na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ficou acertado, na reunião da coordenação política desta semana, que serão escolhidas propostas-chave para negociar com sorrisos, e outras, para queda-de-braço. Outro ponto que ficou acertado é que serão dados nomes aos bois.
Sobre os ataques
Sobre possíveis ataques que o governo possa sofrer, Guimarães disse que a estratégia adotada vai ser responder a tudo. “Vamos responder à altura. Com diálogo, mas com altivez”, definiu. A decisão do STF em barrar o rito do impeachment definido por Eduardo Cunha deixou a turma do Palácio de peito estufado.
Frase da semana:
Não há como encerrar a coluna sem citar a frase dita pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aos parlamentares da oposição. “Se eu derrubo Dilma agora, no dia seguinte, vocês é que vão me derrubar”, disse. É um resumo de como as coisas se dão nos dias atuais.
José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia do CNT Jornal e apresentador da edição nacional do Jogo do Pode Notícias, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília. Fale conosco: [email protected]
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