Meu reino por uma pesquisa boa
Até mesmo os críticos e adversários políticos reconhecem no governador Marconi Perillo a virtude do movimento, do homem público que diversifica a agenda minuto a minuto. O tucano, aliás, vai lá nas alturas quando elogiam a sua folclórica onipresença, a mistura de certeza e dúvida sobre o comparecimento nos mais variados eventos. Ninguém pode negar que o governador tem potencializado ainda mais a sua agenda nos últimos meses procurando contornar os graves problemas que afligem a administração estadual. O fardo do quarto mandato, entretanto, está mais duro de carregar.
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Volúpia sem retorno
Marconi Perillo nunca se mexeu tanto. Tem agenda local, nacional e internacional. Entrevista coletiva pela manhã, à tarde e à noite. Um batalhão de jornalistas o acompanha 24 horas para cobrir seus atos e, paralelamente, monitorar e infernizar adversários. O objetivo é vender a imagem de um governador ágil, moderno, conectado com o mundo virtual e preparado para encarar qualquer desafio dentro e fora de Goiás. O natural, nesses casos, seria a publicação de uma pesquisa de opinião pública que refletisse em números toda essa volúpia administrativa. É justamente neste ponto que a porca torce o rabo.
Rejeição que não cai
Rei das pesquisas, na verdade obcecado por elas, Marconi anda p… da vida por estar sendo obrigado a escondê-las na gaveta do gabinete. Tanto os levantamentos quantitativos como os qualitativos. Informações de bastidores dão conta que a rejeição ao seu governo oscila entre 60% a 65%, motivada pelo cansaço natural de seguidas gestões e também pela crise política e econômica que aumenta o estresse do cidadão comum com os agentes públicos em geral. Aos mais íntimos, o governador admite enorme frustração com o quadro atual, porém recorda que já foi subestimado no passado – vide Operação Monte Carlo – e conseguiu dar a volta por cima.
Hora do tudo ou nada
Quando as coisas vão mal, a área de comunicação geralmente é uma das primeiras a sofrer. Superiores e setoriais foram obrigados a seguir a cartilha de consultores externos – uma espécie de intervenção – e partiram para o tudo ou nada contra os críticos do governo. Auxiliares de primeiro e segundo escalões também adotaram tática semelhante, sensíveis aos recados explícitos de devoção ou exoneração. Nada amistosas, as cobranças têm sido feitas diretamente por Marconi e pelo vice José Eliton, maior interessado na recuperação da imagem governista por ser o candidato natural em 2018.
Marconi quer voltar a sorrir
A sorte está lançada. O governador afirmou que é questão de honra para ele publicar uma pesquisa com números positivos no segundo semestre. Se não for possível em “O Popular”, pelo menos em qualquer jornal ou site das dezenas que se oferecem diariamente para “colaborar” com o governo nesse momento de crise. De uma forma ou de outra, Marconi sonha em ocupar novamente as manchetes com dados robustos. Seu reino nunca mais foi o mesmo desde a reeleição em 2014. Ele quer voltar a sorrir.
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