Paciência com segurança já foi pelos ares
A Polícia Militar mal comemorou a morte de dois assaltantes de bancos em Gouvelândia, município de 5 mil habitantes no sudoeste goiano, e na madrugada de hoje três caixas eletrônicos foram pelos ares no bairro de Campinas, em Goiânia. Trata-se de uma rotina semanal, sem intervalo, independente da identificação dos responsáveis. Essa tem sido a realidade da segurança pública em Goiás: polícias Civil e Militar fazendo das tripas coração, sem efetivo e estrutura adequados, para combater a ousadia e o armamento pesado dos bandidos.
O virtual e o real
Esqueça aquelas imagens que você vê a todo momento na propaganda oficial do Governo de Goiás. Helicóptero, fuzis e ações nos moldes da swat americana (unidade especializada) funcionam como cereja no bolo, ou seja, são reservados para crimes de grande repercussão. Quem não se lembra do helicóptero da PM sobrevoando diversas vezes a região sul da capital, especificamente os setores Bueno e Marista, na manhã seguinte ao brutal assassinato da estudante Nathália Zucatelli, de 18 anos.
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Pirotecnia em alta
Outra imagem difundida aos quatro cantos por assessores governistas e que virou motivo de piada: o vice-governador e secretário de Segurança Pública José Eliton, recém nomeado, “prestigiando debaixo de chuva” o trabalho da PM em barreiras nas ruas de Goiânia. Associada ao midiático programa “Tolerância Zero” com a criminalidade, a pirotecnia tucana atingia, naquele instante, o seu estágio mais elevado.
Erro após erro
Nem o mais inflamado puxa-saco palaciano consegue encontrar respostas para a sucessão de trapalhadas na área da segurança pública. Tudo começou com a demora para substituir o então secretário Joaquim Mesquita, desgastado perante seus subordinados. Algo que ficou evidente na desastrosa entrevista coletiva concedida pelo governador Marconi Perillo, marcada pela impaciência nas respostas e insegurança nas medidas anunciadas.
Déficit gigantesco
O anúncio da escolha de José Eliton, advogado e pré-candidato ao Governo em 2018, veio confirmar que a sensação de segurança pública entre os goianos seria alcançada de qualquer maneira, principalmente no gogó. E desde então é o que se vê na prática. Em que pese o esforço dos comandos das polícias Civil e Militar, é simplesmente impossível combater o atrevimento e o poder de fogo da bandidagem, em todas as regiões do Estado, com déficit de quase 10 mil policiais somando as duas corporações.
Assim como os caixas eletrônicos no interior e na capital, a paciência do cidadão indefeso em Goiás já foi pelos ares.
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