Quem pariu o novo Estádio Olímpico deveria embalá-lo, ou melhor, inaugurá-lo com protagonistas e repercussão que fizessem jus ao tempo de duração e ao investimento milionário. Mas não. O vexame agora é oficial: a obra que ficou conhecida como “buracão da Paranaíba”, criadouro do mosquito Aedes aegypti por alguns anos, e que seria entregue oficialmente na próxima segunda-feira, 8, com uma pelada “histórica” entre artistas e jogadores aposentados, agora nem poderá ser inaugurado.
O evento foi suspenso até que as cores usadas na estrutura sejam substituídas pela Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop). A decisão é do juiz Ricardo Prata, da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual. Ele chegou à conclusão, após análise das imagens do estádio anexadas aos autos, de que as cores utilizadas rememoram as cores do PSDB, partido do governador Marconi Perillo, e definiu que amarelo e laranja deverão ser trocadas por azul ou branco. Em caso de descumprimento, foi fixada multa aos réus no valor de R$ 70 mil.
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Agetop nem ligou
No entanto, a Agetop enviou comunicado à imprensa informando que ainda não foi notificada da decisão da Justiça que atendeu pedido do Ministério Público de Goiás e garantiu que a inauguração “está mantida, para a mesma data e horário previamente agendados”.
CBF já não é tão parceira
Assim, a tal pelada “histórica” foi a única alternativa que restou para o governador Marconi Perillo e seu pupilo Jayme Rincón, presidente da Agetop e ex-futuro prefeito de Goiânia. A dimensão do vexame merece ser detalhada. O Plano A para inauguração era o amistoso Brasil x Japão, última partida antes da estreia nos Jogos Olímpicos, com Neymar e companhia. Assim foi repassado para uma imprensa muito bem paga para aplaudir e não investigar. Marconi apenas esqueceu que os tempos são outros. O seu parceiro Ricardo Teixeira não está mais no comando da Confederação Brasileira de Futebol.
Da súplica à contrariedade
O veto da CBF jogou água no fogo governista, ignorando até mesmo as súplicas para um simples treinamento da seleção na véspera do amistoso. Era a desmoralização tucana em seu estágio mais latente. Marconi Perillo ficou tão contrariado – os termos são impublicáveis – que inventou uma agenda em Aruanã e não compareceu ao estádio Serra Dourada para bajular a cúpula da CBF, justamente o governador mais marqueteiro do país.
Quadrangular frustrado
Jayme Rincón preferiu não ficar atrás do chefe e confessou, durante a terceira “inspeção” à obra com profissionais da imprensa, que o seu grande sonho era inaugurar o novo estádio, com capacidade para 13 mil pessoas, promovendo um quadrangular entre os quatro clubes da capital – Goiás, Vila Nova, Atlético e Goiânia. Nem isso foi possível. O futebol é profissional, há calendário e planejamento. Ninguém aceitou fazer graça para governo entregar obra desgastada por uma década de atraso e com sérios indícios de superfaturamento.
Barrigudos famosos como atração
Para quem não se lembra, a primeira licitação para o novo Estádio Olímpico foi realizada em abril de 2001. Com idas e vindas, 15 anos depois a previsão de gasto subiu de R$ 17 milhões para R$ 158 milhões, segundo release oficial da Agetop. Marconi e Rincón, como manda o figurino político, ainda irão falar maravilhas da obra durante a inauguração. Mas a imagem final irá valer por mil palavras: barrigudos famosos entrando em campo para quebrar o galho de um governo que já disfarçou melhor as suas pisadas na bola.
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