Goiânia perdeu brilho e sintonia entre os serviços
Dia desses um servidor público municipal me abordou na rua e foi logo perguntando: “Você não acha que o percentual de rejeição do prefeito Paulo Garcia está exagerado? O morador de Goiânia tem tantos motivos assim para fazer pouco caso da administração?” Percebi no semblante do antigo colega um ar de incredulidade. Era doloroso demais pra ele aceitar que quase sete, de cada 10 habitantes, consideram o titular do Paço Municipal ruim ou péssimo, segundo a mais recente pesquisa Serpes.
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Cidade encardida e desleixada
A conversa durou seis minutos. E terminou da pior forma possível para o meu interlocutor. Disse-lhe que suas dúvidas seriam facilmente respondidas nos pontos de ônibus, praças, bares, restaurantes, enfim, locais de grande aglomeração de pessoas. O consenso é de que a gestão Paulo Garcia, principalmente após a reeleição, fez a capital perder o brilho, a sintonia entre os serviços públicos. Goiânia virou sinônimo de cidade encardida e desleixada, desprovida de um gestor capaz e articulado.
Motivos não faltam
O morador comum sequer compreende o significado da expressão cidade sustentável, mas tem noção exata que a Prefeitura de Goiânia vem deixando a desejar. O cidadão tem dificuldade para engolir o projeto ecologicamente correto das ciclovias porque o básico não lhe é garantido. O município ainda convive com falhas na coleta e varrição do lixo, buracos no asfalto em período de estiagem e manutenção precária de prédios, iluminação e espaços públicos. A qualidade do transporte coletivo também caiu de forma assustadora nos últimos anos.
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Repasses feitos com atraso
A Prefeitura, além disso, contraria o seu próprio discurso de equilíbrio financeiro e atrasa, frequentemente, repasses rotineiros de verbas para unidades de saúde como o Hospital Araújo Jorge (R$ 800 mil), especialista no tratamento de câncer, e a Casa de Eurípedes (R$ 200 mil), voltada para psiquiatria e dependência química.
O servidor, então, pediu para que concluísse a exposição de motivos da alta rejeição de Paulo Garcia. Resignado, concordou com a abordagem e ainda acrescentou o desgaste público que atingiu o Partido dos Trabalhadores e a presidente afastada Dilma Rousseff. O diálogo foi interrompido com um questionamento cruel: “Qual dos candidatos você acredita que terá capacidade para recuperar o desenvolvimento e a qualidade de vida em Goiânia?”. Disse-lhe que a nova pergunta era complexa e demandaria um tempo maior para a resposta. Admito: foi a forma que encontrei para sair pela tangente.
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