Walter tem o desafio de evitar Titanic verde
Não sei explicar o real motivo da desconfiança, uma cisma talvez, mas achei exagerada a recepção dos torcedores do Goiás ao atacante Walter no aeroporto Santa Genoveva. A história escrita pelo ex-gordinho no clube é digna de muitos elogios, isso não se discute, entretanto otimismo além da conta geralmente é substituído por altas doses de frustração. Dois exemplos que deixaram cicatrizes: a euforia na chegada apoteótica do meia Petkovic, ex-Flamengo, e o badalado retorno do atacante Fernandão, ex-Internacional e ídolo criado no próprio Goiás.
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Contratações não vingaram
Walter foi carregado, paparicado e terá pouco tempo para demonstrar que sua volta à Serrinha pode, sim, agregar técnica e personalidade ao time. Até o momento a transferência carrega o carimbo de uma grande jogada de marketing do presidente Sérgio Rassi, pressionado por dezenas de contratações que não vingaram e pela vergonhosa campanha na Série B. Ou o Goiás entra definitivamente nos trilhos com Walter no ataque ou a luta da equipe continuará sendo contra o rebaixamento. Pelos gastos exorbitantes verificados na atual temporada, a proporção do vexame será gigantesca, uma espécie de Titanic verde.
Robston e Márcio: caminho oposto
Enquanto o Goiás tenta se aproveitar do carisma de Walter para fazer as pazes com a torcida, Vila Nova e Atlético preferiram caminhar em direção oposta. Dispensaram jogadores que atuavam como líderes em seus clubes – meia Robston, atacante Frontini e goleiro Márcio – para minimizar resistências e aliviar a folha de pagamento. Com salário fixo de R$ 250 mil, o maior do Goiás, Walter receberá cobrança proporcional da crônica esportiva e será obrigado a ter jogo de cintura para resgatar a fama de artilheiro, evitando mal-estar com os demais colegas de grupo.
Campanhas irregulares
A verdade é que Goiás, Vila Nova e Atlético perderam a oportunidade, até o momento, de tirar proveito da rivalidade local na Série B. Um turno já se foi e as campanhas irregulares não motivam nem os mais fanáticos. Os dois primeiros por flagrante deficiência técnica e o terceiro por estar decepcionando em jogos no Serra Dourada, geralmente vazio pela desconfiança dos rubro-negros. E pensar que muitos imaginavam que se repetiria em solo goiano a rivalidade verificada com clubes do Recife – Sport, Náutico e Santa Cruz. Estamos a anos-luz da realidade pernambucana.
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