A Operação Decantação, deflagrada pelo Ministério Público Federal, provocou grande abalo no mundo político-empresarial goiano, mas o pior de tudo é constatar que nada mudou na cabeça dos gestores públicos. Enquanto a Saneago se encontra no olho do furacão com uma enxurrada de denúncias voltadas ao desvio de recursos para campanhas eleitorais, obras permanecem paralisadas e os servidores cobram maior transparência nos atos administrativos. E mais: os salários dos novos diretores e do presidente da empresa giram em torno de R$ 40 mil, mais do que recebem o governador e o presidente da República.
São aberrações que provocam profunda revolta e indignação nas milhares de famílias que estão sofrendo com a falta d’água em suas torneiras. Além dos casos frequentemente registrados pela mídia em Anápolis e nos municípios que integram a Região Metropolitana de Goiânia, um exemplo chama atenção: 230 famílias sem água há quatro meses no assentamento Plínio Sampaio Arruda, em Amaralina. O quadro é desesperador e sem qualquer perspectiva de solução a curto prazo. Nem mesmo a alternativa do caminhão-pipa consegue amenizar o drama dos moradores em função da burocracia que deveria envergonhar as autoridades responsáveis.
LEIA MAIS: Bittencourt diz que goianiense encontrou “segunda opção” em Vanderlan
Nas duas pontas, distorções gravíssimas. Nem mesmo escândalos de repercussão nacional são suficientes para promover reviravoltas na gestão do dinheiro público. A Saneago é o exemplo mais recente de empresa cuja missão principal foi desvirtuada ao longo dos anos. A utilização política da companhia tirou-lhe o impacto do retorno social obtido com obras extremamente necessárias para o saneamento básico. E para piorar os sucessivos aumentos na cobrança da tarifa de água representam a pá de cal na paciência do cidadão que não suporta mais tanto esgoto a céu aberto.
Discussão sobre isso post