Na campanha eleitoral de 2016, além da atualização das leis que envolvem todo o processo, vimos também o surgimento daqueles candidatos oportunistas de sempre. Mas uma figura em especial já provou ser perigosa no jogo político: o líder religioso. Pastores, padres e várias outras denominações só têm a perder (espiritualmente, financeiramente é outra história…) ao se chafurdarem no mundo das negociatas e politicagens.
Nas eleições de 2014, pelo menos 274 pastores e bispos evangélicos concorreram a vagas no Congresso Nacional, nos Governos estaduais (em 26 estados) e nas assembleias legislativas. A prática se tornou comum no Brasil, tanto que a bancada evangélica é uma das mais fortes da Câmara dos Deputados. Mas será que esses religiosos estão lá para defender os interesses do cristão?
Muitas vezes, esses líderes usam temas polêmicos e tradicionalmente ligados à militância religiosa para esconder as suas reais intenções. Um exemplo claro disso é o deputado federal Marco Feliciano (PSC-RJ). O pastor aparece constantemente na mídia falando sobre temas como o aborto e a comunidade LGBT, alegando defender a moral cristã. Mas, ao mesmo tempo, tem a cara lavada de votar contra a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em cuja moral ninguém mais acredita.
LEIA MAIS: Editorial: Proibir Uber em cidade com transporte público falido é absurdo
Cunha
Matéria do Estadão de 31 de julho de 2015 indica o tamanho do problema enfrentado por igreja que se envolveu com Cunha e o “Petrolão”: “O lobista e delator da Lava Jato Júlio Camargo repassou R$ 125 mil para a igreja evangélica Assembleia de Deus Ministério Madureira, em Campinas (SP). A informação consta da quebra de sigilo bancário da empresa Treviso, utilizada por Camargo para repassar propinas no esquema de corrupção na Petrobrás revelado pela Lava Jato”.
O delator afirmou ter sido pressionado pelo então presidente da Câmara Eduardo Cunha a pagar propina de US$ 5 milhões. Ele disse que repassou grandes quantias de dinheiro para uma igreja simpática ao deputado, membro da bancada evangélica. Além desse caso, o padre e ex-deputado José Linhares (PP-CE) e o pastor e deputado missionário José Olímpio (PP-SP) também estiveram envolvidos no esquema do “Petrolão”.
Defesa
Os defensores dirão que casos de corrupção existem em qualquer grupo de pessoas. Podem ser religiosos ou ateus. E isso é verdade. Porém, a preocupação é que os políticos religiosos se aproveitam do púlpito das igrejas para influenciar os fiéis nos cultos e missas, que ali estão em momento de fragilidade perante a autoridade religiosa.
Por isso, caro leitor, é melhor para a sociedade que as igrejas, de qualquer denominação, continuem participando de projetos e ações sociais, além dos debates democráticos, mas evitem eleger religiosos para cargos públicos.
Discussão sobre isso post