Quem frequenta ou já frequentou estádio de futebol reconhece a façanha alcançada pelo técnico Tite durante a goleada de 5 a 0 do Brasil contra a Bolívia em Natal. Ter o nome gritado em coro por milhares de torcedores pode ser comparado ao gol de placa que os mais antigos recomendavam “sair do estádio e pagar outro ingresso”. O treinador está sabendo ocupar, com humildade e competência, o coração do brasileiro que andava órfão de qualidade e carisma, antes mesmo do trágico 7 a 1 para a Alemanha.
O técnico gaúcho, é verdade, está apenas em início de trabalho. E seleção brasileira jamais deixará de ser teste pra cardíaco. Mas os primeiros passos não deixam de ser alvissareiros. A Neymardependência, que já foi um baita problema no passado para Felipão e Dunga, hoje é tratada com naturalidade pela comissão técnica. Isso por que surgiu um fenômeno espontâneo nas arquibancadas: a Titemania, muito mais benéfica por exaltar o grande comandante do grupo. Desta forma, ninguém estará acima de Tite na seleção.
Todos os jogadores ganham com o reconhecimento público ao trabalho do treinador. Capitão do time no jogo com a Bolívia, o meia Renato Augusto não pensou duas vezes ao chamar a atenção de Neymar no lance em que o atacante recebeu cartão amarelo por nervosismo. Em outros tempos era praticamente proibido questionar o ídolo do Barcelona. Com Tite, não. Neymar é craque, faz a diferença, mas deve receber o mesmo tratamento dispensado aos demais companheiros. Agindo assim, Tite jamais perderá o comando e ascensão sobre um grupo de atletas vaidosos e milionários.
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Ainda é muito cedo para cantar vitória em relação a um trabalho que mal começou. Tite contribuiu para a conquista da medalha de ouro nas Olimpíadas, mesmo não estando no comando técnico, e já colocou a seleção brasileira em segundo lugar nas Eliminatórias para Copa da Rússia em 2018. O torcedor é exigente e só se contenta com títulos, porém aplaude a volta do bom futebol e da garra em campo. Resumindo: a Titemania está com a faca e o queijo nas mãos para resgatar a alegria e a auto-estima do futebol brasileiro.
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