Mendanha, Castro e a difícil arte de “subir em máquina”
Os goianos em geral se acostumaram a ver o gestor Iris Rezende em ação, com a mão na massa. É assim desde o primeiro mandato como prefeito da capital na década de 1960. Construiu sua história de tocador de obras, em quase 60 anos de vida pública, na base da enxada, do tijolo e da máquina “roncando”. Então é natural que muitos políticos da nova geração tentem copiar a receita de sucesso do líder peemedebista, mas esquecem que nada acontece da noite para o dia. O entusiasmo na busca pela imagem do administrador ágil e atuante pode resultar em gafes históricas.
Histórico arremesso de lixo
Os prefeitos Gustavo Mendanha (Aparecida de Goiânia) e Renato de Castro (Goianésia), por motivos distintos, já “subiram em máquina” nos primeiros dias de gestão para prestigiar o trabalho dos subordinados. Aparições rápidas que nem se comparam à patética cena do colega João Doria vestido de gari na Avenida Paulista, “prestigiado” pela atriz Regina Duarte, entretanto serviram para revelar a necessidade de controle da empolgação dos iniciantes. Mirando no exemplo bem-sucedido de Iris, Gustavo e Renato podem acertar na incompetência de Paulo Garcia, que um dia se deixou fotografar arremessando lixo no caminhão da Comurg e terminou engolido por sucessivas crises que transformaram Goiânia na capital mais encardida do país.
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A carroça de Iris Rezende
Nos dias atuais imagem não chega a ser tudo, mas é quase. João Doria vestido de gari será referência nos próximos quatro anos, para o bem ou para o mal. O prefeito Iris Rezende, em 2005, logo nos primeiros dias de administração aceitou a carona da repórter Cleisla Garcia, da TV Anhanguera, e subiu numa carroça para vistoriar os estragos provocados por alagamento na Vila Roriz e adjacências. Alguns auxiliares ficaram receosos com a possível associação de Iris à carroça, ao velho modelo de governar, mas a população aplaudiu o interesse com a situação dos desabrigados. Resultado prático: poucos meses depois, com obras no córrego Capim Puba, o problema foi contornado.
Cada um com seu DNA político
Os peemedebistas Gustavo Mendanha e Renato de Castro têm muito tempo para construir suas próprias identidades administrativas. Não há motivo para rompantes e improvisos, basta sintonia com demandas e anseios da população. Além, é claro, de planejamento e uma eficiente estratégia de marketing. O ex-prefeito e ex-governador Maguito Vilela, por exemplo, precisou seguir caminho inverso ao de Iris Rezende no início de sua trajetória administrativa para se diferenciar como gestor público. Percebeu, logo de cara, que capinar mato, assentar tijolo e “subir em máquina” não estavam no seu DNA político.
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