Alguma coisa acontece na SMT
Construí bons relacionamentos na Prefeitura de Goiânia e tenho noção do incômodo causado quando críticas são feitas ao comando de alguns órgãos. Nada específico contra pessoas, mas sim à manutenção de penduricalhos e gambiarras que inviabilizam a gestão financeira de importantes braços da administração. Foi assim em relação à eterna caixa preta da Comurg, que se encontra sob investigação do Ministério Público por reajustes salariais inexplicáveis, e agora a Secretaria Municipal de Trânsito (SMT).
Eterno embate financeiro
Apesar das restrições que tenho à interferência externa em Comissão Especial de Inquérito (CEI), não resta outro caminho aos vereadores de Goiânia para tentar desvendar mistérios que cercam a SMT. Acompanhei de perto inúmeros embates entre ex-presidentes do órgão e titulares da Secretaria de Finanças. Não havia consenso entre eles porque a realidade dos fatos nunca vinha à tona. Valores gigantescos arrecadados com multas – média de 45 a 50 milhões por ano – e extrema dificuldade para arcar com a própria folha de pagamento. Uma conta que jamais fechou.
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Luz própria no passado
Nem mesmo os recursos específicos para atividades voltadas à educação no trânsito eram suficientes para bancar campanhas publicitárias na mídia e ações de conscientização em parceria com escolas particulares. Um divisor de águas, neste sentido, ocorreu apenas na administração do ex-prefeito Pedro Wilson (2001-2004), quando o especialista em trânsito Antenor Pinheiro respondia pela presidência da SMT. Ironicamente, os dois se desentenderam nos últimos meses da gestão.
Respostas com urgência
De lá pra cá a Secretaria Municipal de Trânsito mais patinou do que caminhou. Hoje é um dos órgãos problemáticos da Prefeitura de Goiânia, a ponto do vereador licenciado Felisberto Tavares (PR) por pouco não abandoná-la com menos de um mês da gestão Iris Rezende. A expectativa é de que a Comissão Especial de Inquérito, se for levada adiante com o mínimo de seriedade e espírito público, traga respostas sobre a real situação da SMT. Caso contrário, o cidadão goianiense continuará parafraseando “Sampa” de Caetano Veloso: “Alguma coisa acontece na arrecadação (da SMT). Que só quando cruza a 85 e a avenida Laudelina Gomes…”
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