Confiança e caráter, artigos de luxo no Goiás
Agora ex-diretor de futebol do Goiás Esporte Clube, Harlei Menezes alegou motivos particulares para deixar o cargo na tarde desta quarta-feira, 8. Frágil desculpa de quem foi flagrado falando mais do que devia. O vazamento de áudios com duras críticas ao presidente Sérgio Rassi e ao goleiro Renan selou o destino de Harlei, justamente o personagem mais controverso do clube em quase duas décadas. Ao rotular Renan de jogador “pouco confiável e de caráter duvidoso”, ele resgatou as mesmas expressões que muitos desafetos sempre utilizaram para definir o seu comportamento como atleta-dirigente.
“Ciúme de homem”
Independente da ironia do destino, o episódio reforça a tese da total falta de pulso e direcionamento que tomou conta do departamento de futebol do Goiás. O conhecido “ciúme de homem”, somado a boas doses de amadorismo, faz com que problemas rotineiros de convivência se transformem em crises incontornáveis. E um dos principais responsáveis pela desunião alviverde atende pelo nome de Hailé Pinheiro, grande mandatário do clube, exatamente por não permitir que presidentes como Sérgio Rassi exerçam o poder em sua plenitude.
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Divisão histórica
Por mais que declarem publicamente juras esmeraldinas de amor eterno, os dirigentes vivem medindo força nos bastidores. Resultado: divisão exacerbada, dentro e fora de campo. A própria torcida já se acostumou com as divisões e sabe que dificilmente elas deixarão de existir enquanto houver um poder paralelo no Goiás. O ápice deste conflito se deu na gestão do ex-presidente Raimundo Queiroz, responsável por campanhas memoráveis do time às custas de um desequilíbrio financeiro que por pouco não levou o Goiás à falência.
Panela fervendo
Voltando aos adjetivos disparados por Harlei rumo ao goleiro Renan, tem faltado justamente caráter e confiança aos comandantes do Goiás Esporte Clube. Por isso é uma crise atrás da outra. As mordomias e o tempo gasto para resolver o imbróglio em relação ao atacante Walter são exemplos claros de dubiedade administrativa misturada com jogo de interesses. E os jogadores, que nada têm de bobos, se aproveitam destas fraquezas para ampliar o poder de fogo dos seus grupos. A panela esmeraldina continua fervendo como nunca.
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