Sem entrar no mérito sobre possíveis restrições eleitorais causadas pela Operação Lava Jato, o cenário de momento revela a manutenção de dois modelos que monopolizam a disputa presidencial há 23 anos. O tucano Fernando Henrique Cardoso levou as duas primeiras (1994/1998) e os petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff as quatro seguintes (2002/2006/2010/2014). Por mais que a polarização se apresente como café requentado, fica difícil imaginar um representante de qualquer outro segmento partidário surgindo com reais possibilidades de esvaziar o embate entre coxinhas e mortadelas.
Proselitismo petista
Os últimos dias foram pródigos em reafirmar os modelos que permanecem em evidência. Lula voltou aos velhos tempos com o “banho de povo” na cidade de Monteiro (PB) por ocasião das obras de transposição do rio São Francisco. Fez o seu habitual proselitismo político, com a companheira Dilma a tiracolo, e avisou que não está para brincadeira. A buchada do ex-presidente é o único prato disponível na mesa petista para a eleição 2018, a chama de sobrevivência para o partido mais chamuscado na fogueira ética do país nos últimos anos. O cabra da peste barbudo vai pro tudo ou nada.
Fascinação tucana
Já do lado tucano, senador Aécio Neves e governador Geraldo Alckmin cortam agulha para o novo modelo João Doria Júnior de administrar. Enquanto os colegas mais experientes suam frio com desdobramentos da Operação Lava Jato, o prefeito de São Paulo segue inovando em algumas ações e inventando em outras, literalmente. Monopoliza o noticiário e empolga os formadores de opinião. “O Doria é a maior promessa de renovação da vida pública de todos os tempos”, gritaram seus simpatizantes durante festa regada a champanhe francês e cestinhas crocantes de aspargos para comemorar 81 dias de gestão. Alguém ainda duvida do primeiro prefeito eleito em primeiro turno na história da capital paulista?
LEIA MAIS: Funcionária nega acesso a informações da Câmara de Aparecida ao Folha Z
Oportunismo peemedebista
Se o café requentado entre tucanos e petistas desanima grande parcela do eleitorado nacional, outras opções provocam frustração semelhante. Marina Silva e Ciro Gomes já tiveram suas oportunidades e fracassaram. Jair Bolsonaro é uma incógnita. No atual cenário dificilmente conseguiriam romper a polarização de duas décadas. E o PMDB? Como sempre, permanece refém do instável Governo Temer, do passado nebuloso da sua cúpula e da histórica tradição de colocar os pés em todas as canoas.
Acompanhe o Folha Z no Facebook, Instagram e Twitter
Discussão sobre isso post