Tem quase um mês que mensagens enviadas ao meu celular registram, diariamente, a mesma pergunta: “É verdade que o Iris está doente?” Solto a costumeira gargalhada e relembro os cinco anos (2005 a 2010) em que alcancei “mestrado” na tarefa de desmentir boatos sobre a saúde do prefeito de Goiânia. Por isso compreendo o sufoco dos seus atuais assessores em postar imagens e entrevistas para comprovar que está tudo bem com ele. Durante audiência com o vereador Jorge Kajuru (PRP), o prefeito explodiu: “Iris doente é a puta que pariu!”
Só rindo mesmo
O grau de irritação se justifica. Existe um grupo especializado na arte de espalhar notícias negativas a respeito do ex-governador. Para isso basta qualquer momento de fragilidade, pessoal ou administrativa. Falo com conhecimento de causa por ter acompanhado situações distintas: períodos propositais de encubação no gabinete, como o atual, e o pós-operatório de uma cirurgia de próstata, realizada no Hospital do Rim. Os profissionais da boataria ligavam em veículos de comunicação para contar “detalhes” do falecimento de Iris Rezende. Produtores de pauta, aos prantos, me pediam para ser forte no momento de dor. Nesses casos, rir era o único remédio.
Enterro simbólico
Tudo aquilo que cerca o prefeito de Goiânia tem a dimensão dos seus 59 anos de vida pública. Uma simples dor de cabeça, a mordida do cachorro ou o lapso de memória durante a narrativa de um caso recebem rapidamente o diagnóstico de grave enfermidade. Se era assim há mais de uma década, imagino agora aos 83 anos e muitas restrições para enfrentar.
LEIA MAIS: Inacreditável: STF encerra novela de 30 anos entre Flamengo e Sport
Resumindo a prescrição médica: independente do sorriso ou do palavrão, Iris Rezende somente vai ganhar uma trégua da maledicência humana quando efetivamente assumir o papel de gestor sintonizado com as reais demandas da população de Goiânia. Seus créditos estão sendo consumidos na mesma velocidade de uma ligação de celular para aparelho fixo. Se demorar muito, o prefeito pode ser surpreendido pela imagem de moradores carentes de assistência básica nas áreas de saúde e educação simulando o seu enterro simbólico na portaria do Paço Municipal.
Acompanhe o Folha Z no Facebook, Instagram e Twitter
Discussão sobre isso post