The Walking Dead chegou à sua 8ª temporada em 2017, mas já acabou faz tempo.
E a AMC, outrora dona de um catálogo que ostentava de Mad Men a Breaking Bad, agora se limita a manter no ar a série mais morta-viva da televisão.
Os poucos que ainda se mantinham fiéis ao show de zumbis mesmo após a afronta do series finale do 6º ano (quem Negan matou?), agora perderam a paciência até com o caricato vilão.
De tantos trejeitos e quebradas de cintura, Negan mais parece estar encarnando o saudoso médium Lafayette, de True Blood. Duvida? Basta comparar essa cena com essa outra.
Mas antes fosse só o vilão de jaqueta de couro o problema. Assistir TWD tornou-se trabalho penoso, quase de penitência.
Com um sermão e duas lições de moral a cada 10 minutos, os episódios da série lembram mais uma missa de domingo do que entretenimento televisivo.
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Sussurros
E o que são todos esses sussurros e conversinhas de canto de boca?
Provavelmente, quem se arrisca a assistir à série sem legendas nem se importa de perder uma declaração emotiva e profunda ou outra: não faz diferença alguma.
Nessa solenidade eterna, construída filler após filler, não sobra um único personagem interessante de pé. Não existe progressão e todos estão presos nos mesmos dilemas desde a terceira temporada.
O insuportável Eugene ganhar destaque (s08e07) serve para quê? Se o personagem já passou pelo mesmo embate moral há anos quando sua covardia foi confrontada pelo finado Abraham?
O mesmo serve para o padre, para Morgan, Carol, Daryl e até para Rick. Ninguém vai se importar com personagens para os quais nem mesmo os roteiristas parecem dar importância.
Atores
Nesse sentido, vale também lembrar como uma série ruim como The Walking Dead tem o poder de estragar bons atores.
O melhor exemplo disso é Sonequa Martin-Green. Interpretando Sasha em TWD, a atriz tinha o incrível poder de inspirar, no instante em que seu rosto aparecia em tela, tédio e desespero ao mesmo tempo.
Mas, para ser justo, a culpa não era dela. E isso ficou provado em Star Trek: Discovery. Na série, que estreou em 2017 criada por Bryan Fuller (vale a pena conferir), Sonequa brilhou em seu protagonismo, mostrando que Sasha foi só um castigo do destino, sua via crucis a caminho da redenção.
O mesmo vale para Seth Gilliam, que dá vida ao Padre Gabriel. Nesse papel, o ator usa sua batina para promover uma verdadeira inquisição medieval na paciência dos espectadores.
Porém, os fãs assíduos de televisão que já tiraram um tempo para conferir a clássica The Wire conhecem também o carisma e a relevância do policial com tons de cinza Ellis Carver. Novamente, a culpa não é do ator.
Expectativa
Por fim, quem for corajoso o suficiente para seguir acompanhando Rick Grimes em sua não-jornada-do-não-herói, pode vislumbrar pelo menos uma mudança significativa nos rumos da série.
A imagem do protagonista com barba e cabelos brancos já foi sugerida em episódios passados (em cenas confusas e completamente irrelevantes, diga-se). Isso indica que o seriado seguirá o roteiro dos quadrinhos.
Na HQ, um salto criativo de alguns anos dá rumos diferentes à história. Existe, aí, a possibilidade de outros conflitos serem retratados na série.
Resta aguardar. Até lá, nos vemos todos na missa da semana que vem!
A coluna é publicada semanalmente às quintas-feiras.
PS. Retorno
Quem tem boa memória deve lembrar que a coluna estava parada há mais de dois anos. O hiato criativo serviu para buscar novas referências e planos para novidades. Esse reboot valerá a pena, prometo!
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