Dois meses após matéria do Folha Z ter revelado o drama sofrido por Gabriel de Almeida, 18, vítima de uma grave escoliose, o caso segue sem solução.
O jovem de Aparecida de Goiânia enfrenta a doença há sete anos. Ele precisa de uma cirurgia urgente para a correção de sua coluna.
Mas o problema é o preço. Em hospitais privados, a intervenção custa em torno de R$ 20 mil. A família, humilde, não tem condições de arcar com o valor.
Gabriel luta contra o tempo para evitar sequelas irreversíveis da condição. Enquanto isso, os trâmites na Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia seguem emperrados.
Toma lá da cá
Embora Gabriel já tenha passado por vários exames pela rede de saúde de Aparecida de Goiânia, a data para a cirurgia, crucial no seu caso, é sempre adiada.
Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde informou que a cirurgia de escoliose está aprovada desde setembro de 2017.
O procedimento seria feito no Hospital São Silvestre.
No entanto, ainda de acordo com a assessoria, naquele mesmo mês, o Ministério da Saúde não forneceu parte dos equipamentos necessários para a operação.
“Se fosse o pedido de um deputado ou vereador, já teriam movido montanhas”
Segundo a secretaria, o pedido de cirurgia foi então encaminhado para a Central de Regulação de Goiânia, que passou a ser a responsável pelos encaminhamentos e realização dos procedimentos.
A reportagem entrou em contato com Secretaria de Saúde de Goiânia buscando saber como está o andamento do caso.
A assessoria de imprensa da pasta informou que solicitou a informação à Central de Regulação e que repassará à reportagem assim que obtiver resposta.
Secretaria de Saúde de Aparecida
Procurado, o secretário de Saúde de Aparecida Alessandro Magalhães informou que o caso foi encaminhado para o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (Crer), de Goiânia.
Em entrevista, o secretário disse que o Crer deve entrar em contato com a família de Gabriel, sem especificar prazo.
Em síntese: além do caso seguir sem solução, também não há previsão. Aflita, a família aguarda agora a ligação do Crer.
Risco de danos irreparáveis
Segundo familiares, se a cirurgia de escoliose não for feita a tempo, Gabriel corre o risco de perder o movimento das pernas.
“Os olhinhos dele estão cheio de lágrimas”, relata a mãe, Valquíria de Almeida, com a voz embargada ao contar que o filho já faltou aulas várias vezes por padecer de fortes dores.
“É um absurdo, pois não me dão respostas. Não temos a menor condição de bancar a cirurgia pela rede privada, e o SUS continua negligente com meu filho”, disse Valquíria.
“Se fosse o pedido de um deputado ou vereador, já teriam movido montanhas”, desabafou.
Veja no vídeo abaixo.
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Discriminação
A escoliose é uma curvatura anormal da coluna para um dos lados do tronco do corpo.
No caso de Gabriel, a sinuosa inclinação de 35 graus vem se agravando desde os dez anos de idade.
“Se eu andar muito, minhas costas doem. Não posso correr, nadar… É ruim viver assim”, lamenta o rapaz.
Além de enfrentar as dores, Gabriel ainda tem de encarar os olhares tortos de seus colegas da escola.
Estudante do oitavo ano, ele já teve até que mudar de colégio em razão do bullying sofrido.
Agora, na nova escola, ele se sente acolhido pelos alunos e professores. Embora não possa mais estar presente assiduamente por causa da piora de seu quadro.
Enquanto a cirurgia não chega, Gabriel segue sem saber se um dia terá uma vida normal.
Ou pior: sem saber se ao menos poderá andar.
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