A investigação do assassinato do jogador de futebol Daniel Correia teve outro capítulo nesta última terça-feira, 6.
Após colhidos os depoimentos pela Polícia Civil de Cristiana Brittes e Allana Brittes, o delegado do caso, Amadeu Trevisan, crê na possibilidade de a família estar mentindo.
Além dos depoimentos, uma possível coação de testemunhas e o resultado da perícia de Daniel auxiliaram o delegado a tirar essa conclusão.
Cristiana e Allana fizeram o depoimento à polícia na última segunda, 5.
Já o depoimento de Edison, o “Juninho Riqueza”, foi adiado para esta quarta-feira, 7.
O motivo do adiamento se deu porque o advogado de Juninho, Cláudio Dalledone Junior, não compareceu à delegacia nesta terça, 6.
Inferência policial
“Já conseguimos reconstruir tudo que aconteceu na casa no dia do assassinato. Vamos ouvir mais algumas testemunhas e teremos o depoimento do Edison”, explicou Trevisan.
O delegado acredita que o crime já está resolvido.
De acordo com Trevisan, não existe provas de que Daniel estuprou ou teria tentado estuprar Cristiana.
Além disso, o delegado discorda da versão da família Brittes, segundo a qual Edison teria agido por “violenta emoção”.
“Temos que observar o lapso temporal (do crime)” disse Trevisan.
“Edison teve tempo de espancar a vítima, de pegar uma faca, colocar a vítima no porta-malas e se deslocar até o local do crime. Não houve violenta emoção”, finalizou.
Laudo cadavérico de Daniel
Trevisan também trabalha para indiciar a família por crime qualificado.
Isso porque a polícia já tem a informação do laudo cadavérico de Daniel.
Conforme a perícia, o ex-jogador apresentou 13,4 decigramas de álcool por litro de sangue.
O laudo confirma também a ausência de drogas no corpo da vítima.
“É uma dosagem muito alta, que prova que Daniel não tinha a menor capacidade de reagir às agressões”, esclareceu o delegado.
Depoimento de Cristiana e Allana
Cristiana Brittes confirmou a versão apresentada pelo marido em entrevista.
Segundo Cristiana no depoimento, Daniel estava deitado por cima do seu corpo de cuecas quando ela acordou e gritou. “Ele dizia: ‘Calma, é o Daniel'”, disse Cristiana.
Ainda no depoimento, a esposa de Edison contou que Daniel estava com o pênis ereto, e que o esfregava no corpo dela.
Além disso, Cristiana afirmou que Edison foi o primeiro a entrar no quarto, quando ele arrombou a porta.
Allana, em depoimento, disse que que ouviu gritos e correu até o quarto dos pais. Ao chegar no local, se deparou com Edison segurando Daniel pelo pescoço.
Como no depoimento da mãe e na entrevista do pai, Allana confirmou que Cristiana denunciava a tentativa de estupro por parte de Daniel.
Mais pessoas envolvidas
Os outros suspeitos, que até então eram desconhecidos, foram apresentados pelo delegado.
Foram citados David Willian Vollero da Silva (18 anos) e Igor King (19), amigos de Allana. Um quarto suspeito é primo de Cristiana, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva (19).
Encontro com as testemunhas
Uma das testemunhas confirmou um encontro com a família Brittes em um shopping, no dia 29 de Outubro.
E é justamente neste encontro que o delegado acredita que a família coagiu as testemunhas a prestarem um único depoimento à polícia.
“Houve a coação de testemunhas em um shopping”, declarou o delegado.
“Cristiana, Allana e Edison se reuniram com a testemunha em um shopping, onde o Edison pede para que eles fechem uma história só. Eles queriam tirar algumas pessoas que estavam na casa do rol de testemunhas. O Edison é muito claro, e ele alerta, adverte, ameaça a testemunha que não poderia romper aquele elo”, adicionou Trevisan.
Na versão combinada, Daniel teria visto o portão aberto pela manhã e foi embora sem avisar ninguém. Posteriormente, teria aparecido morto.
“Ele (Edison) manteve essa história de que eram amigos, que havia saído pelo portão, até o momento de que a polícia não sabia quem eram os autores. Ele mudou a versão dele. Enquanto só tinha um cadáver no chão. Depois de levantada essa testemunha, mudou essa versão para uma violenta emoção”, declarou o delegado.
“A família tentou modificar toda a primeira história em uma fraude processual inconteste, em uma coação de testemunhas. Iremos mostrar isso após a oitiva das testemunhas agora no período da tarde”, afirmou Trevisan.
Mais quatro testemunhas devem ser ouvidas.
“Devemos ouvir quatro testemunhas, importantes, que estavam na casa após a balada”, finalizou o delegado.
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