Jamais faça chacota das cenas de novela em que o personagem, armado e enfurecido, desperdiça a chance de matar o rival na hora H.
Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, esteve com o dedo no gatilho diante de Gilmar Mendes, ministro do STF, em 2017.
Desistiu do crime e agora resolveu contar detalhes ao jornal “O Estado de S. Paulo” e à revista “Veja”. Um barraco que por pouco não manchou de sangue a mais alta instância do poder judiciário.
Qual era o motivo da desavença? O envolvimento da filha de Janot nos acalorados debates sobre desdobramentos da Operação Lava-Jato.
Foi uma espécie de gota d’água para o ex-procurador. Gilmar Mendes já havia chamado Janot de “bêbado e irresponsável” em suas manifestações de voto.
“Ia dar um tiro na cara dele (Gilmar) e depois me suicidaria”, relatou Rodrigo Janot, protagonista de uma foto, em Brasília, usando óculos escuros ao lado de engradados de cerveja.
Desafetos
Fico aqui a imaginar se telenovelistas consagrados como Aguinaldo Silva, Glória Perez e Walcyr Carrasco teriam capacidade de escrever uma história tão rica em particularidades.
Janot e Mendes já dividiram mesas e bons vinhos no passado. Assumiram seus papéis de destaque no Judiciário e, por inúmeros motivos, se transformaram em desafetos declarados.
Bem longe, até então, de qualquer possibilidade de tentativa de homicídio. “Estava movido pela ira. Fiquei a dois metros do Gilmar, mas meu dedo ficou paralisado. Acho que ele nem percebeu que estava perto da morte”, disse Janot.
Biografia
Como nada em Brasília acontece por acaso, desenterrar o episódio faz bem aos dois personagens: coloca luz na biografia de Janot, prestes a ser lançada, e levanta a bola para Gilmar Mendes.
“Recomendo que ele (Janot) procure ajude psiquiátrica”, argumentou o ministro em nota oficial.
Em se tratando do que acontece rotineiramente no Supremo Tribunal Federal, o apoio psicológico deveria ser estendido a todos os ministros e ao novo procurador-geral, Augusto Aras.
Já que o nível do debate no STF tem caído sobremaneira, todo cuidado é pouco para evitar que outro dedo se aproxime, perigosamente, do gatilho.
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