O alto poder institucional do país, sediado em Brasília, não se cansa de tratar o dinheiro público como mato.
Executivo, Legislativo e Judiciário se protegem quando o objetivo é elevar o nível de sofisticação nos seus gabinetes refrigerados.
Depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) avalizou licitação de R$ 1 milhão 134 mil para refeições no Supremo Tribunal Federal (STF), o estômago do cidadão comum embrulhou de vez.
O nível de exigência dos itens representa um tapa na cara de quem paga impostos no Brasil.
Ministros do STF e convidados só podem beber vinhos e espumantes com até 4 premiações internacionais.
O cardápio inclui ainda medalhões de lagostas, queijo de cabra, figos, carpaccio, ceviche, risoto, carré de cordeiro e arroz de pato.
Entre as justificativas do STF, 3 chamam atenção:
– o cardápio somente será oferecido para 100 pessoas, no mínimo, e 2 “altas autoridades”;
– os “medalhões”, no caso, são presidentes de tribunais superiores, chefes de poder de outros países, presidentes do Senado e da Câmara; e governadores.
– baseado em pregão de uma licitação semelhante realizada pelo Ministério das Relações Exteriores.
Confraria
Está tudo dominado. Conforme decisão do TCU, o STF é o guardião do pacto federativo e tem o papel de viabilizar os relacionamentos institucionais.
Trocando em miúdos: a confraria 5 estrelas recebeu sinal verde, embora contrastando, e muito, com a realidade de sacrifício financeiro que assola a maior parte da população brasileira.
Acatando solicitação do Ministério Público, a Justiça Federal em Brasília até tentou suspender a licitação, mas foi em vão.
A realidade é que existem muitos interesses envolvidos, outras cozinhas e adegas para serem abastecidas com tudo do bom e do melhor.
E pensar que um dos deveres do Tribunal de Contas da União é verificar a aplicação dos recursos públicos em prol da sociedade.
Desiludida, a sociedade em questão já não suporta mais tamanho jogo de cena das autoridades instaladas na capital federal. Com desdobramentos nas demais unidades da federação.
Depois da União e do STF, a tendência é que os medalhões de lagosta e os vinhos de premiação internacional preencham novos cardápios em breve.
O céu é o limite para quem vive numa ilha da fantasia chamada Brasília. Até quando?
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