Por Rodrigo Augusto Borges*
Além de atrapalhado e, às vezes, embriagado pela ostentação do poder que alcançou, Bolsonaro revela dia a dia que está perdido, seja na política ou na administração do Brasil.
Ele também se posiciona igualmente perdido e equivocado quando reúne sua milícia autoritária e desocupada para pedir, entre outras coisas, o fechamento do Supremo e do Congresso em uma nova e não menos cruel intervenção militar.
Uma coisa deve ser ressaltada.
Bolsonaro não disse que defende tais medidas arbitrarias, mas participa com muito gozo das manifestações orquestradas pela milícia digital nas redes sociais.
Esse comportamento lembra a clássica frase “Diga-me com quem andas e te direi quem tu és”.
Frase, que se saiba, não está na Bíblia, como muitos imaginam.
Manifestações
Nos últimos domingos, o que todo mundo ver é um amontoado de bárbaros enfurecidos, fantasiados de democratas apaixonados pelo Brasil com a camisa amarela da seleção pedindo e clamando pela volta de um passado recente e não menos obscuro e cruel.
Eles pedem em alto e bom som a volta do que muitos países têm vergonha de terem vivido um dia, que é a ditadura militar.
Lá no meio dessa gente, que bate na imprensa, que pede a volta dos cassetetes e dos cães enfurecidos sempre está nosso presidente.
Com a cara mais deslavada possível, nosso Messias brasileiro sempre diz que as manifestações são voluntárias e que as Forças Armadas estão ao lado do povo e de um governo que não governa para todos; governa apenas para os que defendem seus pensamentos.
O engraçado disso tudo é que na segunda-feira, as Forças Armadas fazem questão de deixar claro que a tentativa de autogolpe não será, de forma alguma, levada em consideração.
Bolsonaro e as Forças Armadas
Generais, que não estão se sustentando de altos cargos no governo, dão a cara a tapa e garantem que um novo golpe militar não será o caminho.
Garantem, inclusive, que as Forças Armadas vão defender a Democracia.
Feito bêbado cambaleando pela ladeira da política, Bolsonaro tenta encontrar a própria sombra, pois dia a dia está perdendo os companheiros que outrora estavam com ele ombreados nos momentos de ressaca política, administrativa e moral.
E, se pretende encontrar “conforto nos braços almofadados” das Forças Armadas, o presidente deve mudar os planos, pois os verdadeiros generais de cinco estrelas não estão dispostos a amparar o capitão, que queria colocar fogo no quartel lá atrás e, hoje, se perdeu no caminho político e democrático à frente do Brasil.
Se as Forças Armadas e seus representantes legais estiverem verdadeiramente ao lado do povo, se estiverem falando a verdade, essa onda miliciana e vergonhosa de autogolpe já era.
Assim, ainda mais perdido, Bolsonaro terá que procurar outro caminho.
Ele e sua trupe descontrolada, pois no caminho que está sob a luz da lei eles não irão caminhar por muito tempo.
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