O prefeito Gustavo Mendanha mostrou ousadia ao meter a mão no vespeiro do coronavírus.
Em todas as suas últimas entrevistas, conferências e lives, ele tem batido na tecla de que fechará todo o comércio da cidade caso a taxa de ocupação dos leitos de UTI no município chegue a 70%.
Nesta 3ª feira (19), foi ainda mais enfático:
“Não adianta fazer manifestação ou vir me xingar, dizendo que eu não vou ter mais o seu voto. Nesse momento, não estou focado nisso. Tenho duas preocupações: cuidar da nossa economia e da saúde.”
Nesse ponto, acertou em cheio, mostrando que não está preocupado com as eleições, mas com as próximas gerações de aparecidenses, e segue as recomendações da ciência sobre o que se fazer nesse mar de incertezas.
Na política, é difícil encontrar esse tipo de pulso firme, de agir mesmo que contrarie parte do seu eleitorado fiel.
Mas, em tempos de crise, o bom político sabe que é melhor desagradar alguns do que ficar marcado para sempre como responsável por perdas incalculáveis de vidas humanas.
E olha que Gustavo tem tido muita muita paciência com a população.
Basta comparar a reação do governador Ronaldo Caiado ao ver uma manifestação no Centro de Goiânia, logo no início da crise (“não preciso do seu voto…”).
Mas pode chegar o momento em que o tom adotado pelo prefeito vai ter que mudar.
Remédio
É claro que remédio não pode ser mais danoso do que a doença, mas, às vezes, ele é amargo mesmo.
E a gestão de Gustavo terá o apoio do jornal se a situação chegar a um ponto crítico em Aparecida.
Com 70% de ocupação de UTIs e comércios funcionado normalmente, a cidade chegaria ao caos completo rapidamente, com pessoas morrendo sem assistência dentro de casa.
Ninguém pode discordar que os cidadãos precisam trabalhar e todo mundo sabe que a fome mata.
Mas, sem respeitar as normas de segurança, o patrão coloca em risco seus funcionários e o trabalhador, por seu turno, ameaça a saúde da sua própria família.
E aí a culpa não vai ser do prefeito, do governador e nem mesmo do vírus, que não tem consciência para ser culpado por qualquer coisa.
A culpa será da própria população.
Aparecida é a única que tem leitos de UTI públicos entre 25 cidades da sua regional de saúde
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