*Por Selma Maria Miranda Kamenach
Os números de casos de feminicídio têm aumentado de forma assustadora, principalmente aqueles no contexto de violência doméstica ou de relações afetivas entre a vítima e o agressor.
Em Goiás, um dos Estados mais violentos em crimes dessa natureza, não é diferente.
Infelizmente, essa triste realidade há tempos vem nos assombrando.
As conquistas femininas após anos e anos de muita luta revelaram uma nova mulher.
Atualmente, ela ocupa o seu papel social, deixando para trás o de meramente “dona de casa” e “reprodutora” para assumir o de protagonista no palco da vida.
Cultura
No entanto, ainda está muito arraigada em nós a cultura machista que impede de enxergarmos essa nova mulher, personagem principal da própria história.
A grande maioria dos homens ainda vê a mulher como propriedade e não a vê com um ser que conquistou o próprio espaço na sociedade.
Assim, ao se deparar com essa realidade, frustra-se e apela para a violência como forma de exercer a dominação.
Incapazes de conviver com essa mulher, cujas árduas conquistas se deram ao longo do tempo, reagem de forma violenta e brutal.
Educação machista
Essa postura ainda baseada em uma educação machista tem contribuído decisivamente para o aumento da violência contra as mulheres, especialmente nas relações afetivas estabelecidas no contexto familiar.
Apesar da legislação que veio para proteger as mulheres no âmbito das relações familiares, a exemplo da denominada Lei Maria da Penha, os casos de violência aumentam vigorosamente.
Para reduzir essa lamentável estatística, é preciso uma mudança urgente no aspecto educacional oferecido, sobretudo aos meninos.
É necessário priorizar atitudes de respeito e valorização das mulheres, e isso deve começar ainda na infância, deixando de lado uma educação arcaica e machista, em que são ensinados valores e atitudes diferentes para meninos e meninas.
Essa conduta tende a formar adultos despreparados para lidar e conviver com a mulher no atual papel social.
Para frear os índices alarmantes de violência contra as mulheres, é fundamental o fim da educação machista, sexista e discriminatória ofertada às crianças ainda hoje.
Além, é claro, da adoção urgente de medidas que reduzam a curto prazo esse triste quadro, como o aumento da rede de proteção e políticas públicas voltadas à valorização da mulher.
*Selma Maria Miranda Kamenach é advogada de Bela Vista de Goiás e defensora dos direitos das mulheres
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