Ninguém merece qualquer tipo de ditadura. Musical, então, nem se fala. Não é de hoje que o mercado fonográfico emite sinais de desconforto com o domínio sertanejo em praticamente todas as categorias, da comercialização de shows à vendagem de discos. Mas já é possível notar uma reação. Tímida, mas consistente. E a principal incentivadora, ironicamente, atende pelo nome de Rede Globo de Televisão, emissora que mais surfou na onda sertaneja desde a década de 1990.
Há consenso sobre o processo de saturação e péssima qualidade musical oferecida ao público em geral. Não por acaso os principais programas da Globo neste final de ano abriram espaço para grandes nomes da Música Popular Brasileira (MPB). Roberto Carlos cantou com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Marisa Monte e Zeca Pagodinho. Luciano Huck homenageou Djavan e Faustão bateu palmas para Guilherme Arantes e Titãs.
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E quem aposta em coincidência, a novela das sete Rock Story é a prova da preocupação com qualidade. A ponto de Caetano Veloso manifestar gratidão pública pela forma como suas músicas foram tratadas pelos personagens. O mesmo agradecimento também partiu do grupo Paralamas do Sucesso.
Globo
Como se vê, a Globo caiu em si sobre o vácuo musical proporcionado pelo modismo sertanejo. Isso não quer dizer que a ausência de qualidade seja total entre os representantes do gênero, todavia a banalização das letras é unanimidade. Público mais exigente e críticos musicais já não suportam tanta superficialidade.
Com o movimento de resgate aos bons nomes da MPB, sem perder seus interesses econômicos, é claro, a Globo faz um mea culpa sobre um processo que ela ajudou a deflagrar e manter. Já passava da hora de um freio na mesmice e nos sucessos que duram de dois a três meses. O caminho é longo, porém inevitável. Para o bem dos amantes da música com conteúdo, que representa muito mais do que um mero refrão.
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