Respeito e harmonia já não existem em Brasília
Vendo no que se transformou a relação entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, a torcida é para que o ano de 2016 termine logo. Nem mais as aparências são respeitadas. Todos se julgam no direito de criticar o quintal alheio quando nem mesmo a lição de casa é bem feita. A Presidência da República, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal mais parecem territórios sem lei, ou melhor, áreas de livre permissão para escandalizar a opinião pública com decisões abruptas e estapafúrdias.
Corrida para o precipício
Poucas são as vozes equilibradas a pedir prudência e moderação nas atitudes. Ironicamente, o falastrão ministro Gilmar Mendes utilizou palavras corretas ao criticar decisões do STF, expressões que também poderiam ser aplicadas ao Executivo e ao Congresso: “momentos esquisitos, situações estranhas, surtos decisórios e não sei se é água o que estamos tomando”. A impressão que se tem é que os três poderes decidiram apostar uma corrida sem curvas em direção ao precipício, carregando o cidadão brasileiro na garupa.
Luta pela sobrevivência
Os presidentes da República, da Câmara, do Senado e do STF já não conseguem estabelecer a mínima convivência e harmonia com delações de empresários e perspectivas de prisões em seus calcanhares. O clima é de vingança, retaliação, enfim, guerra explícita nos microfones e nos bastidores. Surto é o melhor adjetivo utilizado por Gilmar Mendes, o mais “ajeitado” dos ministros, para definir o estado de humor na Praça dos Três Poderes. “Nada mais nos surpreende no atual estágio em que se encontra o ritual do poder em Brasília. O respeito deixou de existir. Cada grupo luta pela sobrevivência com armas em punho”, admite um experiente comentarista político com mais de 30 anos de atuação no Congresso Nacional.
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Se o clima de enfrentamento não diminuir, a célebre frase do deputado federal Francisco Everardo (PR/SP), o Tiririca, vai merecer uma correção: “Pior do que tá, pode ficar muito mais”.
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