O poder econômico e a influência política das empresas de transporte coletivo são praticamente os mesmos em todas as cidades de médio e grande porte do país. Quando o assunto é reajuste da tarifa então, nem se fala. O aumento em Porto Alegre foi aprovado hoje de 3,75 para 4,05. Os mesmos 30 centavos que deverão prevalecer em Goiânia – de 3,70 para 4 reais. O que distingue as duas capitais se resume à participação e ao voto de entidades representativas da sociedade civil organizada.
Enquanto o Ministério Público de Goiás tenta, há décadas, furar o bloqueio de informações relacionado à operacionalização do sistema, em outros centros o debate ocorre com todos os dados sobre a mesa. Na capital gaúcha, o desejo das empresas era subir o valor até 4,25, mas a presença de associações de trabalhadores, estudantis e de moradores impediu o reajuste abusivo. Mesmo perdendo a disputa por 14 votos a 3 em relação à tarifa de 4,05, os representantes populares fizeram a diferença na vigilância do interesse coletivo. E ainda foram às ruas protestar por melhorias na qualidade do serviço prestado.
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Os problemas nas regiões metropolitanas de Goiânia e Porto Alegre se assemelham: ônibus sucateados, baixo número de veículos nos horários de pico e falta de segurança para os passageiros. Os gaúchos ainda podem contar com ar condicionado em uma pequena parcela da frota, sonho inalcançável na calorenta terra do pequi. A maior diferença entre as capitais, desta forma, está na intransigência e no oportunismo das empresas que comandam o sistema em Goiânia desde a década de 1970. Criaram uma redoma de interesses que somente agora começa a ruir.
A torcida é para que as ações propostas na Justiça pelo MP goiano consigam furar o bloqueio dos empresários quanto aos reais números do transporte coletivo. Se eles estão quebrados, como atestam, a transparência seria benéfica para discutir alternativas de sobrevivência e manutenção do setor. Nos bastidores, todavia, o que se comenta é que a abertura da caixa preta causaria danos irreparáveis aos envolvidos. Enquanto isso a conta continua sendo paga pelo usuário, em média de 30 a 50 centavos por ano.
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