Depois de quase um quarto de século de espera, a Justiça finalmente vai julgar o homem acusado de crime que chocou o município de Alexânia e a região.
R. N. de O, acusado de matar a própria esposa, Sônia de Azevedo, que era deficiente visual, será levado a júri popular nesta 3ª feira (24), às 8h30, na Comarca de Alexânia, no Entorno do Distrito Federal.
O crime aconteceu no dia 29 de janeiro de 2001, na zona rural do município.

Motivação do crime
De acordo com as investigações, uma discussão aparentemente banal teria sido o estopim para a tragédia.
O motivo, segundo os autos, seria o fato de Sônia ter deixado que suas sandálias saíssem dos pés, o que teria irritado o marido.
Na sequência, conforme a polícia, ele passou a agredi-la com chutes e, logo depois, obrigou tanto a esposa quanto o filho, que na época tinha apenas 8 anos, a se deitarem no chão.
Em seguida, o acusado desferiu 12 golpes de faca contra Sônia, que morreu no local.
O crime foi cometido na frente do filho, Rafael, hoje com 35 anos, que presenciou toda a cena.
Não satisfeito, após assassinar a esposa, o homem teria ameaçado o menino, perguntando se ele queria morrer como a mãe ou se preferia pular de uma ponte.
Diante do terror vivido, Rafael respondeu que preferia pular.
O pai então jogou o menino no rio e, em seguida, foi até a margem para verificar se ele havia morrido. Rafael sobreviveu.
23 anos foragido
O acusado fugiu logo após o crime e permaneceu foragido por 23 anos.
A prisão preventiva foi decretada ainda em 11 de junho de 2001, poucos meses após o assassinato.
Naquele período, o crime de feminicídio ainda não existia no Código Penal, só seria criado em 2015.
Apesar disso, o caso sempre foi tratado como homicídio qualificado, com agravantes de motivo fútil e meio cruel.
Navegantes, em Santa Catarina
O homem só foi capturado em 27 de agosto de 2024, na cidade de Navegantes, em Santa Catarina, após uma operação conjunta das polícias civis de Goiás e de Santa Catarina.
Desde então, a família de Sônia acompanha de perto o andamento do processo, na esperança de que, depois de mais de duas décadas, a Justiça finalmente seja feita.
A reportagem da Folha Z não conseguiu o contato da defesa do réu até o fechamento desta matéria.
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