Como falar em mudança quando não há o menor respeito para garantir governabilidade ao país
Ser contra ou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff deixou de ser o ponto principal do debate político. Até quem a defende reconhece que sua permanência no Palácio do Planalto serviria apenas para prolongar o sangramento. Uma vitória sem comemoração diante da apatia governista. E quem grita pela ruptura se perde na triste justificativa de que o importante é tirar o PT do poder a qualquer custo. Os dois lados estão rigorosamente perdidos, órfãos de lideranças políticas idôneas e comprometidas com o futuro do país.
Exército
Também pudera. O exército de Dilma conta com soldados do nível de Carlos Lupi e Ciro Gomes. Já a tropa de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, é formada por Geddel Vieira Lima e Paulinho da Força. Uma guerra bem ao estilo “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. O vice Michel Temer e o senador Aécio Neves até poderiam atuar como bombeiros para tirar o país da paralisia em que se encontra, porém já foram contaminados pela perspectiva de poder. O peemedebista para 2016 e o tucano para 2018.
E como fica o cidadão comum diante de um quadro político tão sofrível? Triste, apático, cabisbaixo e sem o menor entusiasmo para reivindicar mudanças. Foi exatamente este o cenário das ruas no dia 13 de dezembro e continuará sendo até que os brasileiros reencontrem algo em que acreditar. O desembarque de Dilma do governo causaria a falsa sensação de guinada, de limpeza ética em relação a um partido que paga a conta por ter defendido por tantos anos a bandeira da moralidade.
Respeito
Mas algum personagem, ou grupo político que seja, necessita estar no comando das transformações. Sem homens públicos da envergadura de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, fica difícil imaginar quanto tempo duraria um pacto pela governabilidade do país. A verdade é que ninguém se respeita, muito menos leva a sério qualquer compromisso para recuperar a imagem do governo brasileiro, interna e externamente.
O navio está à deriva em alto mar. E os passageiros, perplexos, rezam para que a história não se aproxime do trágico final do filme Titanic. Difícil mesmo é encontrar um capitão com equilíbrio e coragem para evitar que o barco afunde de vez.
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